Autor: Lusa/AO Online
O MNE espanhol comentava, numa entrevista à rádio COPE, a morte de 11 pessoas que seguiam a bordo de uma lancha venezuelana em águas internacionais pelas Forças Armadas dos Estados Unidos, que disseram que se tratava de uma embarcação que fazia tráfico de drogas e que as vítimas eram terroristas.
"Para Espanha, a luta contra o tráfico de drogas é uma autêntica prioridade e um fenómeno internacional em cujo combate colocamos um grande esforço, mas o método que usa Espanha são sempre meios policiais e meios civis e nunca meio militares", disse Albares.
O MNE disse não ter mais informação sobre o ocorrido para além da que foi oficialmente partilhada pelo Governo norte-americano e o próprio Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Questionado sobre se se justifica matar 11 pessoas por serem traficantes de droga, o ministro limitou-se a insistir que em Espanha não se usam métodos e meios militares nestes casos.
Forças militares dos Estados Unidos no sul do Caribe mataram na terça-feira as 11 pessoas que iam a bordo de uma lancha que tinha saído da Venezuela, num ataque contra "narcoterroristas", disse Donald Trump.
Segundo o Presidente norte-americano, as 11 pessoas pertenciam ao Tren de Aragua (TDA), "uma organização terrorista estrangeira" que "opera sob controlo de Nicolas Maduro", o Presidente da Venezuela, e que é "responsável por homicídios em massa, tráfico de drogas, tráfico de pessoas e atos de violência e terror em todos os Estados Unidos e no Hemisfério Ocidental".
Trump disse que o ataque ocorreu enquanto os terroristas estavam no mar, "em águas internacionais, transportando narcóticos ilegais, a caminho dos Estados Unidos".
Em resposta, o ministro das Comunicações da Venezuela, Freddy Ñáñez, afirmou que as imagens partilhadas por Trump foram criadas com inteligência artificial.
Maduro acusou hoje os Estados Unidos de enviarem navios de guerra para as águas ao largo da Venezuela porque querem os "recursos naturais" do país sul-americano, incluindo petróleo, gás e ouro.
Num evento transmitido pelo canal estatal Televisão Venezuelana, o líder reiterou que os EUA mobilizaram "oito navios de guerra" e 1.200 mísseis junto à costa do país.
Maduro voltou a rejeitar o argumento de Washington de que se trata de uma operação para combater o tráfico de droga, descrevendo-o como uma "história, uma lenda em que ninguém acredita".
Mais de quatro mil militares, incluindo aproximadamente dois mil fuzileiros navais, juntamente com aeronaves, navios com capacidade antimíssil, foram mobilizados por Washington para patrulhar as águas próximas da Venezuela e das Caraíbas para combater os cartéis de droga.
O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, garantiu na semana passada que a iniciativa de Washington conta com o apoio de países como Argentina, Paraguai, Equador, Guiana e Trinidade e Tobago.
Na quinta-feira, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou aos Estados Unidos e à Venezuela para que “resolvam as diferenças por meios pacíficos”.