Autor: Lusa/AO Online
“O caminho vai-se fazendo, mas é um sinal muito positivo. Além de vermos com otimismo os potenciais clientes interessados em lançar nos Açores, também vemos com otimismo esse passo que é dado. Abrem-se mais portas para a sustentabilidade da operação comercial”, afirmou à agência Lusa o coordenador da Estrutura de Missão dos Açores para o Espaço (EMA-Espaço), Paulo Quental.
O porto espacial da ilha de Santa Maria obteve, a 13 de agosto, o licenciamento para operar, estimando-se a realização do primeiro lançamento na primavera de 2026 por parte do operador, o Consórcio do Porto Espacial Atlântico.
Para o coordenador da EMA-Espaço, que falava à margem do Fórum LPAZ que decorre na ilha de Santa Maria, trata-se de “mais um passo” para a formação de um ecossistema espacial na região.
“É mais um passo nesta caminhada que se pretende para os Açores, em especial para Santa Maria, para um ‘hub’ atlântico para o espaço. Agora falta o licenciamento dos veículos de lançadores e a instalação de algumas infraestruturas que são necessárias”, declarou.
Segundo disse, a EMA-Espaço espera que no primeiro trimestre do próximo ano já existam “contratos assinados para o lançamento de suborbitais de teste”, ressalvando, contudo, que tal depende dos operadores e está “condicionado aos desenvolvimentos técnicos”.
“O cronograma e a expectativa é que já existam contratos assinados para lançamentos suborbitais de teste no primeiro trimestre de 2026, mas esta cadência depende dos próprios operadores”, reforçou, salientando que deverão anunciar brevemente o cronograma das operações.
Paulo Quental defendeu que a ilha de Santa Maria tem “particularidades para ser atrativa e competitiva” no mercado do setor aeroespacial, mas destacou a necessidade de atrair “empresas e conhecimento”.
“Para conseguirmos ter um setor económico que se desenvolva é necessário atrair as empresas, o conhecimento e o ‘know-how’ e também promover o desenvolvimento das capacidades cá [nos Açores] numa perspetiva de médio e longo prazo como fazemos com os projetos educativos”, sinalizou.
A primeira licença concedida por Portugal para operacionalização de um porto espacial foi atribuída pelo regulador, a Anacom - Autoridade Nacional das Comunicações, por cinco anos ao Consórcio do Porto Espacial Atlântico, que fez o pedido em dezembro.
Em declarações à Lusa após o licenciamento, o diretor do consórcio português, Bruno Carvalho, disse que são esperados os primeiros lançamentos na primavera de 2026, de voos suborbitais para testar tecnologia, operações e veículos.
Os suborbitais são voos espaciais que atingem o espaço, mas que cruzam a atmosfera sem perfazer a órbita completa do planeta.
O Fórum LPAZ, organizado pela associação LPAZ, que se dedica a valorizar o património aeroportuário da ilha de Santa Maria, junta mais de 30 especialistas de áreas como a História, Ciência Política, Espaço ou Literatura para discutir o Atlântico e a posição geoestratégica dos Açores.