Autor: Susete Rodrigues
A Black Box do Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, na Ribeira Grande, acolhe sábado, pelas 21h00, a peça ‘Clitemnestra’, no âmbito do Festival MALA, organizado pela Associação Rodopio d’ideias.
‘Clitemnestra’ conta a história de uma mulher, que tem um nome difícil de pronunciar e que teve uma vida sofrida. O encenador, Claudio Hochman, explica como surgiu: é uma “história que adaptei de dois textos clássicos gregos, um de Eurípedes e um de Ésquilo, porque descobri que a personagem de Clitemnestra atravessa várias peças destes autores. Contamos a história desta mulher, que foi mulher de Agamemnon, desde que nasce até à sua morte”.
Para o encenador, o interessante da peça é “como se conta esta história, porque escolhi três atrizes cantoras, Patrícia Modesto, Ana Marta Kaufmann e Sofia Leão, que vêm de três formações profissionais completamente diferentes. Uma é cantora de ópera, a outra é cantora de musicais, e a outra de música contemporânea. São muito diferentes também fisicamente, e em termos de energia, de personalidades. Foram elas que compuseram as músicas e o espetáculo, e todas cantam à capela”, explicou, para acrescentar que a nível estético, “trabalhamos com máscaras, como trabalhavam os gregos. E estas máscaras foram feitas pela Carlota Blanc”.
Este espetáculo foi realizado a pedido do Teatro Romano de Lisboa e foi um desafio para Associação Rodopio d’ideias, com sede no Cine-Teatro Açor nas Capelas.
Claudio Hochman refere que “como temos uma estreita relação com o Arquipélago, propusemos e eles aceitaram, e este espetáculo cabe numa mala, porque são os fatos e as máscaras das personagens”.
Foi em julho que ‘Clitemnestra’ teve a sua estreia no Teatro Romano de Lisboa e as expectativas superaram e surpreenderam, como afirma o encenador: “Foi muito melhor do que pensamos, o público ficou louco, não sei... Foi uma coisa muito forte. Recebemos elogios, não só do público, pelas palmas e pelos comentários, mas também nas redes sociais, nos encheram de comentários elogiosos, dizendo que era o melhor que viram em suas vidas”.
Isso deu-lhes motivação extra para trazem a peça a São Miguel, até porque “não é um espetáculo feito só para nós, está feito para as pessoas, para que as pessoas gostem da história, da interpretação e da estética”. Por isso, esperam que no próximo sábado, as pessoas venham ao Arquipélago, “passem um bom momento, que se divirtam porque este espetáculo tem muito humor”, referiu Carlota Blanc.
O encenador sublinha que a peça tem “humor e tem tragédia, como a vida. Nós passamos por coisas boas e por coisas más. O espetáculo reflete isso, reflete a vida. Queremos, também, que o público saia diferente de como entrou, que lhes desperte sensações e emoções”.
Claudio Hochman confessa que o espetáculo vai ganhar uma nova vida no Arquipélago porque “vamos adaptar o espaço, vamos poder contar com luzes, vamos poder sustentar materiais, tanto humanos como técnicos, do arquipélago. E acho que isso vai fazer com que o espetáculo seja ainda mais bonito”, finalizou Claudio Hochman.
Espetáculo ‘FÁ BU LA’ abriu o Festival MALA na Maia
O Festival MALA começou ontem, na freguesia da Maia, com a estreia da peça ‘FÁ BU LA’, com Mariana Robert e Beatriz Costa, que reinterpretem fábulas de Esopo.
Este espetáculo decorre até sábado e vai percorrer mais seis freguesias, nomeadamente Pilar da Bretanha (hoje, ATL Norte Crescente), Fajã de Baixo (amanhã, Coriscolândia), São Sebastião (quinta-feira, Igreja do Colégio), Capelas (sexta-feira, Junta de Freguesia), Santa Clara (sábado, largo da Igreja) e Ribeira Chã (sábado, Centro Comunitário Pedro João Cateano Flores).
O documentário ‘Cine-Teatro Açor, passado, presente e futuro’, também faz parte do festival, é exibido quarta-feira, pelas 21h00, nas Capelas.