Autor: Ana Carvalho Melo
As associações Save Azores Waves e SOS Monte Verde alertam para o “grave risco” de desassoreamento e possível desaparecimento de uma parte substancial da Praia do Monte Verde, na Ribeira Grande, devido à obra de reabilitação da Envolvente ao Monte Verde atualmente em fase de concurso público pela autarquia.
Em comunicado enviado à comunicação social, as organizações afirmam que uma análise técnica ao projeto da obra de “Reabilitação da Envolvente ao Monte Verde - Arruamento entre a Travessa da Rua da Estrela e o Largo da Vila Nova”, realizada por especialistas, revelou “sérias preocupações” quanto aos impactos ambientais e costeiros da intervenção prevista.
Segundo as entidades, foram identificados três aspetos críticos: o avanço da estrutura de enrocamento sobre o areal, a tipologia de construção das infraestruturas de suporte e a localização da descarga da Levada da Condessa.
De acordo com o comunicado, o projeto prevê a ocupação de 17 a 25 metros sobre o areal existente, apesar de existirem alternativas fora da praia. “Esta opção é considerada despropositada e ambientalmente incorreta, uma vez que agrava o risco de erosão costeira num local já sensível”, sublinham as associações.
As organizações alertam ainda que a construção em talude de enrocamento levanta “particular preocupação”, uma vez que este tipo de estrutura tem efeitos comprovados de desassoreamento. A literatura científica, dizem, demonstra que intervenções desta natureza, quando não antecedidas de estudos de modelação e avaliação ambiental detalhada, podem provocar perda de largura de praia e desaparecimento das bermas arenosas.
As associações alertam ainda que a experiência noutras zonas costeiras confirma que estas estruturas podem causar erosão irreversível e nesse sentido alerta que no troço adjacente à Praia do Monte Verde, entre as Poças e a ponte existente, já se verificou a perda total de areia, atribuída a obras semelhantes.
Outro ponto de preocupação é a posição da descarga da Levada da Condessa, considerada determinante para a dinâmica de sedimentação e formação dos bancos de areia, essenciais tanto para a prática de desportos de ondas como para a sobrevivência da praia.
Face a estas preocupações as associações Save Azores Waves e
SOS Monte Verde reafirmam o seu compromisso com a proteção e valorização
da Praia do Monte Verde, bem como com a candidatura à Bandeira Azul.
Mas declaram que se reservam o direito de recorrer a todos os meios
legais e institucionais disponíveis para defender este “importante
património natural e cultural da Ribeira Grande”, apelando ao bom senso
das autoridades competentes para encontrar “uma solução de consenso que
permita a requalificação do local, sem comprometer o bem mais relevante:
a Praia do Monte Verde e a sua fruição pela população".