Autor: Lusa/AO Online
“Estes filmes são relativamente heterogéneos. Não têm uma linha comum, mas suscitam várias reflexões, por isso intitulámos esta mostra de cinema português contemporâneo, este ano, como: cinco filmes, cinco reflexões”, adiantou, em declarações à Lusa, o presidente do Cine-Clube da Ilha Terceira, Jorge Paulus Bruno.
Há 10 anos que o Cine-Clube da Ilha Terceira leva à cidade de Angra do Heroísmo, alguns dos filmes nacionais mais recentes, muitos dos quais premiados em festivais no estrangeiro, que de outra forma não seriam exibidos na ilha.
“O cinema português contemporâneo continua a ganhar prémios nos festivais internacionais, especialmente europeus, porque é um cinema de qualidade. Temos uma carteira muito apreciável de realizadores portugueses a fazer bons filmes”, salientou Jorge Paulus Bruno.
O objetivo inicial do Cine-Clube da Ilha Terceira era criar um festival internacional de cinema, com competição, sobre mar, ilhas, viagens e aventuras.
Em 10 anos, não conseguiu financiamento para implementar o projeto, mas Jorge Bruno garante que ainda não desistiu da ideia.
Segundo o presidente do cine-clube, o Cine Atlântico é hoje um “projeto consolidado”, com um “público fidelizado”, e que terá continuidade, independentemente de se realizar ou não o festival internacional.
Ao longo do ano, o cine-clube exibe ainda três “filmes de caráter alternativo”, por mês, aos domingos, na mostra “Cinema da Minha Vida”.
“Já temos um público muito certo, normalmente são as mesmas pessoas, mas, atendendo à população da ilha, já é uma lotação considerável, especialmente comparando com a atividade de outros cine-clubes noutras cidades do país”, vincou.
Os filmes são exibidos na sala de cinema da Sociedade Filarmónica de Instrução e Recreio dos Artistas, que marcou gerações na ilha Terceira e que foi reaberta com a reativação do cine-clube.
"Demos vida à sala de cinema, fizemos investimentos substanciais com o apoio da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo ao nível de equipamentos na sala de cinema, o que nos permite ter boas condições de exibição, que não existiam antes", lembrou Jorge Bruno.
A 10.ª edição do Cine Atlântico arranca na sexta-feira, com "On Falling", de Laura Carreira, vencedor do Prémio de Realização no Festival de San Sebastián 2024 (Espanha) e da Competição de Longas-Metragens de Estreia no 68.º Festival de Cinema de Londres, no Reino Unido.
No sábado, há sessão dupla, com "Sonhar com Leões", de Paolo Marinou-Blanco, filme de abertura da Tallinn Black Nights Critical Choices Competition, na Estónia, e "Lavagante", de Mário Barroso, que homenageia José Cardoso Pires e António-Pedro Vasconcelos.
A mostra encerra no domingo, com "Portugueses", de Vicente Alves do Ó, um musical que recria um momento que antecede o 25 de Abril de 1974, e "A Vida Luminosa", de João Rosas, uma “comédia agridoce sobre os vinte e poucos anos, quando ainda se espera tudo da vida”.
Segundo o programador do Cine Atlântico, José Vieira Mendes, a seleção destes filmes é “um tributo à pluralidade das linguagens do cinema português, à sua capacidade de olhar o passado e o presente sem clichés nem fórmulas, e de nos fazer rir, pensar, chorar ou simplesmente parar para ouvir".
"Entre trabalhadores precários, mulheres à beira da morte, jovens a reinventarem-se e fantasmas da ditadura, esta programação é um convite à empatia e à reflexão", lê-se no texto de divulgação do Cine Atlântico, assinado pelo programador.