Autor: Lusa/AO Online
Emmanuel Macron pediu um "avanço" na "política de obstrução" dessas embarcações.
"De forma muito concreta, nos próximos dias, os nossos chefes de Estado-Maior, em coordenação com a NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte), como parte da coligação, reunir-se-ão para desenvolver ações conjuntas", declarou Macron em Copenhaga, Dinamarca, após uma cimeira de chefes de Estado e de governo europeus.
Entretanto, o Ministério Público francês indicou que o capitão do petroleiro russo "Boracay", apreendido recentemente pelas autoridades francesas e que integra a “frota fantasma russa”, será julgado exclusivamente por "recusa de cumprimento" pelo tribunal de Brest (oeste da França) a 23 de fevereiro de 2026, após a sua libertação da custódia policial.
Os tribunais franceses abriram uma investigação por "falta de comprovação da nacionalidade/bandeira do navio" e "recusa de cumprimento", e, em seguida, remeteram "o capitão e respetivo imediato, ambos de nacionalidade chinesa", sob custódia policial.
O Ministério Público francês "decidiu processar apenas o capitão", que recebeu "uma intimação para comparecer perante o Tribunal Criminal de Brest", enquanto o imediato foi posto em liberdade.
Segundo a imprensa francesa, o Ministério Público, que investiga a autenticidade do pavilhão do petroleiro, os dois indivíduos foram detidos na quarta-feira depois de um destacamento de soldados franceses ter abordado o navio, cujas manobras chamaram a atenção das autoridades francesas ao largo de Brest, costa atlântica de França.
O destacamento militar permanece a bordo do petroleiro, uma embarcação de 244 metros que zarpou do porto russo de Primorsk, perto de São Petersburgo, com destino à Índia.
O navio navegou na costa escandinava no dia 22 de setembro, o mesmo dia em que foram avistados aparelhos aéreos não tripulados (drones) no Aeroporto de Copenhaga, obrigando ao encerramento do espaço aéreo.
Três dias depois, o petroleiro rumou para o Canal da Mancha, mas a 28 de setembro desviou-se para se aproximar da costa francesa, onde foi abordado por uma fragata da Marinha de Guerra francesa.
No passado sábado, um destacamento militar abordou o petroleiro tendo a justiça francesa iniciado um processo.
A investigação decorre das dúvidas sobre a autenticidade do pavilhão do navio, do Benim, e da recusa da tripulação em prestar as informações solicitadas pela fragata francesa.
Macron referiu-se ao caso durante um debate ocorrido à margem da cimeira da Comunidade Política Europeia, que decorreu em Copenhaga, tendo defendido esforços no combate à frota de "petroleiros-fantasma" utilizada pela Rússia para contornar as sanções europeias.
"Ao intercetarmos estes navios, rompemos completamente a organização desta frota, e isso é essencial para aumentar a nossa pressão sobre a Rússia com o objetivo final de permitir à Ucrânia recuperar território", disse Macron.
A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.
Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.