Autor: Lusa/AO Online
“As expectativas são grandes como sempre. As vendas estão a correr muitíssimo bem. Pensamos que vai ser uma edição do mesmo nível, quer de qualidade, quer de espetadores”, afirmou, em declarações à Lusa, José Ribeiro Pinto, membro da direção da Associação Cultural Angrajazz, que organiza o festival desde 1999.
A fórmula do festival mantém-se praticamente igual desde os primeiros anos: três noites, seis espetáculos, uma banda local, uma nacional, uma europeia e três norte-americanas.
“Nós achamos que é uma fórmula correta e muito abrangente. Procuramos mostrar várias ‘nuances’ do jazz, o trio clássico de jazz, com piano, contrabaixo e bateria, um cantor ou cantora… Vamos variando de instrumentos, de modo a mostrar a grande música que é o jazz”, salientou José Ribeiro Pinto.
O festival, que decorre no Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, arranca sempre com a Orquestra Angrajazz, formada por músicos locais, e o cartaz integra todos os anos uma banda nacional.
“Não faz sentido fazer um festival de jazz em Portugal sem um grande grupo português. O jazz em Portugal está em forte desenvolvimento, tem uma pujança enorme, tem músicos fantásticos, portanto temos de os apoiar”, vincou o membro da direção da associação Angrajazz.
Este ano, a Orquestra Angrajazz, acompanhada pelo baterista e cantor João Ribeiro, assinala os 80 anos da passagem de Frank Sinatra pela ilha Terceira.
No final dos anos de 1940 e no início dos anos de 1950, passaram pela base das Lajes, na ilha Terceira, não só Frank Sinatra como outros músicos norte-americanos ligados ao jazz, como Glenn Miller, Stan Kenton, Lee Konitz e Irving Berlin.
Segundo José Ribeiro Pinto, esse contacto com o jazz, por influência norte-americana, pode justificar a ligação que a população da ilha Terceira ainda hoje mantém com o jazz, marcando presença nos diversos espetáculos de bandas locais, nacionais e internacionais, que ocorrem ao longo do ano.
Na quinta-feira, depois da orquestra Angrajazz, atua o quinteto do saxofonista e compositor italiano Stefano Di Battista.
“A atuação vai ser muito engraçada, porque vai ser principalmente dedicada aos grandes sucessos da música italiana, como o 'Volare', o 'Con te Partirò', o 'La Dolce Vita'… O concerto chama-se mesmo La Dolce Vita”, salientou o membro da organização.
Na sexta-feira, o festival arranca com o trio do pianista luso-francês Samuel Lercher, que apresenta o seu mais recente disco “Fractal”, lançado em 2024.
Segue-se o quarteto da cantora norte-americana, descendente de camaroneses, Ekep Nkwelle, que José Ribeiro Pinto acredita que terá uma “grande carreira no jazz”.
“Formou-se na Howard University e depois foi para Nova Iorque, para a Juilliard. É uma jovem cantora, nem sequer tem um disco gravado, mas tem sido altamente elogiada pela crítica, e desde logo o Wynton Marsalis convidou-a para o Lincoln Centre de Nova Iorque”, realçou.
No sábado, sobe primeiro ao palco do festival o quarteto do saxofonista tenor norte-americano David Murray, “um histórico do jazz", que "tem uma carreira brilhante, com 200 discos gravados”.
O festival encerra com as norte-americanas Artemis, “um grupo com cinco músicas maravilhosas”, segundo José Ribeiro Pinto.
“É um quinteto que foi eleito pela Associação de Jornalistas de Jazz dos Estados Unidos o melhor grupo de jazz do ano passado e também pelos leitores da revista Downbeat o melhor grupo de jazz de 2023 e 2024”, reforçou.
Paralelamente à programação no Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo, a Associação Cultural Angrajazz promove também o Jazz na Rua.
Desde sexta-feira, há, todos os dias, concertos gratuitos em restaurantes, bares, lojas e espaços públicos, em Angra do Heroísmo, com Bruno Sebastian Quarteto, Wave Jazz Ensemble e João Ribeiro Quarteto.
O programa inclui ainda ações de divulgação do jazz junto de alunos do secundário e uma formação para músicos locais com o Samuel Lercher Trio.