Autor: Lusa/AO Online
A iniciativa, intitulada “Mudar Mapas Mentais: Estratégias para um Atlântico em Transição”, realiza-se anualmente pelo German Marshall Fund (GMF), dos Estados Unidos, e pela fundação sem fins lucrativos do grupo mineiro marroquino OCP.
O objetivo é estreitar as relações entre os países de três continentes banhados pelo segundo maior oceano do mundo, em extensão, cobrindo cerca de um quinto da superfície da Terra: Europa, África e América (do Norte e do Sul).
Ao longo de três dias, reúnem-se na cidade marroquina mais de 300 figuras de topo dos setores público e privado da bacia Atlântica para discussões abertas e informais sobre questões inter-regionais que vão desde o crescimento económico e o desenvolvimento humano às alterações climáticas, passando pelo combate ao terrorismo.
Entre os participantes dos três continentes banhados pelo Atlântico, incluem-se ex-governantes e altos responsáveis de organizações internacionais, líderes empresariais, académicos, analistas políticos e jornalistas.
O ex-vice-primeiro-ministro português Paulo Portas e o atual presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, serão alguns dos intervenientes nos debates, bem como o embaixador João Vale de Almeida, chefe da delegação da União Europeia junto da ONU.
Outros convidados portugueses são Vasco Rato, presidente da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), e João Ribeiro, fundador e presidente da empresa Blue Geo Lighthouse (BiGLe), destinada a promover iniciativas de desenvolvimento portuguesas e internacionais centradas nos oceanos e nas áreas costeiras.
“Líderes internacionais, formadores de opinião e cidadãos de todo o mundo têm ‘mapas mentais’ – ideias sobre geografia, poder e potencial na conjuntura mundial. Tradicionalmente, as relações transatlânticas têm sido encaradas em termos Norte-Norte, centradas na relação entre a América do Norte e a Europa. Então e o resto do espaço Atlântico”, interroga-se, no texto de apresentação, a organização do encontro que “presta especial atenção às relações Norte-Sul e Sul-Sul”.
A edição deste ano “decorre numa altura em que o mundo enfrenta desafios consideráveis, desde a ascensão do populismo e o ressurgimento de nacionalismos até ao desemprego de longa duração, a conflitos sem fim à vista, pressões migratórias e terrorismo”, lê-se no documento.
“Mas neste cenário conturbado há também oportunidades, da diplomacia do clima à revolução energética, da mudança geracional à revolução digital e a inovações na agricultura, nas infraestruturas e na governação: Serão possíveis estratégias comuns? Que novas abordagens são necessárias para responder às exigências de um Atlântico em transição”, pergunta a organização.
Em debate, em painéis interativos e sessões intercalares mais pequenas, estarão temas como “Definir o impensável: a Europa pós-‘Brexit’” ou “Como interpretar o resultado das eleições presidenciais nos Estados Unidos” e a “Agenda 2030 dos Objetivos de Desenvolvimento Humano Sustentável e Plano de Concretização”.
A segurança é outro dos temas incontornáveis desta 5.ª edição, em que se abordarão aspetos como “Cibersegurança e Redes Criminosas”; “Impedir o Extremismo Violento”; “Abordagens inovadoras para combater o radicalismo”; “África Atlântica Confrontada com Ameaças Terroristas”; e “Segurança Atlântica: Riscos, Fragilidades e Caminhos para a Resistência”.
Lançados em 2012, os Diálogos Atlânticos apresentam-se como o único fórum de debate transatlântico fora do tradicional eixo Norte-Norte, promovendo a criação de redes entre diferentes gerações, continentes e culturas através disso mesmo: do diálogo inclusivo, pelo que não é permitida a leitura de discursos nas sessões ou a realização de apresentações formais de tipo académico.
Além de tentarem encontrar soluções conjuntas para objetivos comuns, os membros desta comunidade atlântica apostam também na mobilização de parceiros exteriores, para explorarem potenciais oportunidades de parceria com organizações internacionais, organizações não-governamentais, setores da indústria, universidades, institutos de investigação política, fóruns internacionais e outros.
O German Marshall Fund, criado em 1972 no espírito do Plano Marshall (plano norte-americano destinado a ajudar à reconstrução dos países europeus aliados após a Segunda Guerra Mundial), é um organismo norte-americano apartidário e sem fins lucrativos que pretende fortalecer a cooperação transatlântica.