Autor: Lusa/AO Online
"Nunca o tema de Vale de Lobo me surgiu como tema político ou como tema pessoal. Não sei de nada de Vale do Lobo", disse o ex-governante (2005-2011) no sétimo dia de interrogatório no julgamento da Operação Marquês, em Lisboa.
Segundo a acusação do Ministério Público, José Sócrates e o então administrador da CGD Armando Vara terão sido subornados num total de dois milhões de euros por dois administradores de Vale do Lobo, Diogo Gaspar Ferreira e Rui Horta e Costa, para beneficiar a partir de 2006 o empreendimento.
A imputação baseia-se no pressuposto de que Armando Vara terá sido, no final de 2005, nomeado para a administração do banco público por indicação de José Sócrates.
"Isso é mentira. (...) Eu nunca indiquei Armando Vara para lugar nenhum", assegurou em tribunal, precisando que o nome do antigo secretário de Estado e ministro no Governo de António Guterres (1995-2000) foi proposto pelo seu ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos.
O antigo chefe de Governo acrescentou que, na altura, até levantou objeções "do ponto de visa político" à designação de Armando Vara para a CGD, tendo chegado a comentar com outros membros do executivo que tal poderia "dar asneira".
No final, disse, acabou por concordar com a proposta de Fernando Teixeira dos Santos, por insistência deste.
José Sócrates rejeitou também ter conhecido, na altura, os administradores de Vale do Lobo.
O antigo primeiro-ministro, Armando Vara, Diogo Gaspar Ferreira e Rui Horta e Costa são quatro dos 21 arguidos da Operação Marquês e respondem maioritariamente por corrupção e branqueamento de capitais.