Autor: Lusa/AO Online
É uma realidade que “se arrasta há vários anos. Os preços são exorbitantes e há muita habitação destinada a alojamento local. Não é que tenha algo contra o alojamento local, mas objetivamente são casas que estão fora do mercado de arrendamento”, disse o presidente do Sindicato dos Professores da Região Açores (SPRA), António Lucas.
Em declarações à agência Lusa, António Lucas disse que "é incomportável, com os preços atuais, alguém sair da sua ilha de residência, onde estão a pagar uma casa, e terem de suportar uma segunda renda noutra ilha. E isto verifica-se, até pelos resultados do concurso".
Segundo o dirigente sindical, “nas listas de não colocados existiam candidatos com números de ordenação que poderiam estar a trabalhar e não estão, porque não concorreram para fora da sua ilha de residência e preferem ficar com um horário incompleto ou com um horário de substituição na sua ilha, que lhes permite usufruir de mais rendimento”.
O presidente do SPRA denunciou ainda que parte significativa do parque habitacional disponível está afeto ao alojamento local, reduzindo drasticamente a oferta no mercado de arrendamento e as casas que restam “têm rendas exorbitantes”
“Em São Miguel estão registadas 2.600 habitações como alojamento local. Na Terceira são cerca de 600 e nas Flores são 160”, exemplificou.
O SPRA defende a criação de um regime de incentivos mais robusto, sobretudo para as ilhas que têm maior mobilidade de pessoal docente, e que inclua um suplemento remuneratório para todos os docentes que tenham de se mudar de ilha para trabalhar.
O sindicato propõe ainda juros bonificados, pelo período de 15 anos, para aquisição de habitação no concelho da escola de colocação ou limítrofe, com obrigação de devolução em caso de saída antecipada.
"Aquilo que o Governo Regional apresentou como incentivos à fixação são apenas apoios à deslocação", sustentou António Lucas.
Por sua vez, o presidente do Sindicato Democrático dos Professores dos Açores (SDPA) sublinhou que as dificuldades de alojamento abrangem igualmente os docentes quem vêm do continente.
“É uma situação que já tem anos e que é essencial resolver”, defendeu à Lusa António Fidalgo, assinalando que o sindicato a que preside tem deixado este alerta ao Governo Regional.
O presidente do SDPA considerou ainda que “a pressão turística tem levantado este problema”.
“Todos os anos temos sócios que nos fazem chegar os preços exorbitantes solicitados logo no início de setembro por um T0 ou por um T1 ou até por um quarto e, muitas vezes, com poucas condições”, disse António Fidalgo, afirmando que “alguns dos candidatos às vagas de concurso” dos professores “já não colocam algumas ilhas", porque estão a ter dificuldades de alojamento e porque as despesas de transporte e da vida "são elevadas".
Também no seu entender, os incentivos aprovados "não são suficientes e são incapazes de atrair e fixar professores nas ilhas mais periféricas", apelando a medidas urgentes.
"São 300 euros de apoio à renda, mas estamos a falar de um número residual de professores, abrangidos por esta medida, que não chega a 30 docentes, pois efetivamente foram cinco as ilhas contemplados. É essencial que os incentivos sejam revistos e que sejam alargados a todos os professores que se deslocam da sua área de residência para outra ilha", defendeu.
António Fidalgo disse que "não é por acaso que no concurso de contratação que decorreu, e cujos resultados saíram em agosto, cerca de 30% das vagas ficaram por ocupar", porque os professores "optaram por concorrer à ilha onde residem e onde têm condições de habitação".
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