Autor: Lusa/AO Online
“Não precisamos de meter pressão à Telma, tem um lote de medalhas que ninguém tem”, lembrou a selecionadora Ana Hormigo, antes de analisar a equipa feminina que estará nos Europeus de Judo.
Telma Monteiro, medalha de bronze nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016 e quatro vezes vice-campeã mundial, não sabe o que é estar fora do pódio em Europeus, degraus a que sobe desde os 18 anos.
A judoca acumula desde 2004 cinco medalhas de ouro, duas das quais ainda a competir nos -52 kg e antes de subir para a categoria de peso seguinte (-57 kg), uma de prata e sete de bronze, a última já em 2019, nos Jogos Europeus em Minsk.
Aos 34 anos, sem falhar um ‘metal’ e com os Jogos Olímpicos de Tóquio2020 no horizonte, adiados para 2021, Telma enfrenta mais dois Europeus: a partir de quinta-feira em Praga, e em 2021, no que deve ser uma despedida desta prova, em casa, em Lisboa.
Em declarações à agência Lusa, Ana Hormigo reconhece existir “um hábito” em trazer medalhas, de todo o grupo, mas o que lhe agrada é ver que todas as judocas “estão focadas” e “motivadas” para a prova.
“Vão sempre trabalhar para a medalha, mas é combate a combate, é muito imprevisível”, assinalou a também antiga judoca, que foi medalha de bronze nos Europeus de 2008, em Lisboa.
Para a competição em Praga, a selecionadora destaca a experiência, mas também a juventude, num grupo de nove judocas em que entraram Raquel Brito (-48 kg) e Joana Crisóstomo (-70 kg), medalhas de bronze e prata nos recentes Europeus de juniores.
“É uma oportunidade para as atletas, que não tendo tanta pressão conseguem pisar o território das seniores”, explicou a treinadora, com a chamada das judocas mais jovens, em jeito de prémio pelos resultados alcançados na Croácia, mas também face às lesões de Maria Siderot (-48 kg), Joana Diogo (-52 kg) e Patrícia Sampaio (-78 kg).
Neste último caso, entra a veterana Yahima Ramirez, que na qualificação olímpica está atrás de Patrícia Sampaio (12.ª) – operada a uma fratura com luxação na perna direita e em recuperação -, mas à porta de um apuramento.
Um triunfo nos Europeus dá 700 pontos na qualificação, mas o facto de Praga quase ‘colar’ a Lisboa (entre 30 de abril e 02 de maio de 2021), na antecâmara dos Jogos de Tóquio, fará com que apenas conte a competição com melhor resultado.
“Este Europeu vai estar em paralelo com o de Lisboa e só vai contar um”, assinalou Ana Hormigo, que se mostra otimista com o normal desenrolar do apuramento, mesmo com a pandemia da covid-19, face às respostas que já foram dadas na retoma da competição.
Ana Hormigo salienta não só as provas que decorreram em Portugal, com o Nacional de seniores, o torneio internacional Kiyoshi Kobayashi e os estágios consecutivos em Coimbra, que permitiram num ano atípico “manter o espírito”, mas com o recente exemplo do Grand Slam de Budapeste (23 a 25 de outubro), de onde Portugal trouxe três medalhas de bronze.
“A federação internacional organizou o Grand Slam e mostrou que conseguimos continuar com o apuramento, deu-nos a todos confiança para continuarmos”, considerou Ana Hormigo, numa rotina que funcionou em ‘bolha’.
Na competição foi necessário apresentar testes negativos à covid-19, testar novamente, por duas vezes, em Budapeste – embora em Praga apenas seja necessário à chegada -, e não sair do hotel ou pavilhão.