Autor: Lusa/AO Online
“Um profundo temor paira sobre o preço que os reféns poderão pagar”, indicou o Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas, num comunicado emitido após o ataque aéreo contra a delegação negociadora do grupo islamita palestiniano em Doha.
Os familiares dos israelitas que continuam detidos em Gaza expressaram também preocupação com possíveis represálias contra os reféns.
“Sabemos, pelos sobreviventes que regressaram, que a vingança dirigida contra os reféns é brutal”, acrescentou o Fórum.
Os familiares alertaram que os reféns vivos “podem ser mortos a qualquer momento” e que os corpos dos mortos “podem desaparecer para sempre”, após um ataque pelo qual o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, assumiu “total responsabilidade”.
De acordo com estimativas israelitas, acredita-se que dos 48 reféns que continuam na Faixa, 20 permanecem vivos.
Com a “certeza absoluta” de que “o seu tempo está a esgotar-se”, o Fórum acredita que a possibilidade de trazer de volta os reféns enfrenta agora “uma incerteza sem precedentes”.
Por isso, as famílias dos prisioneiros pediram o fim da guerra e exigiram que o Governo israelita lhes apresente um “plano organizado” para um acordo integral que permita o regresso dos reféns.
O ataque em Doha ocorreu no mesmo dia em que o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Gideon Saar, afirmou que Israel aceitou a última proposta do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para um cessar-fogo em Gaza, sob as condições de que todos os reféns no enclave sejam libertados e que o Hamas deponha as armas.
Pelo menos dois membros do Hamas morreram no ataque, disse um membro do gabinete político do movimento islamita palestiniano.
No Qatar, principal mediador da trégua em Gaza, juntamente com o Egito e os Estados Unidos, vivem vários líderes do grupo islâmico.
As forças israelitas têm em curso uma ofensiva na Faixa de Gaza que causou mais de 64.600 mortos no território governado pelo Hamas desde 2007.
A ofensiva seguiu-se ao ataque do Hamas no sul de Israel, em 07 de outubro de 2023, que provocou cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.
Israel, que anunciou uma operação para tomar a cidade de Gaza, no norte do enclave, tem sido acusado de genocídio e de usar da fome como arma de guerra, que nega.