Açoriano Oriental
Segurança
Povoacences admitem pôr fim a onda de assaltos por meios próprios
Numa cadência quase diária espaços comerciais, moradias e automóveis têm sido motivo de furto no concelho da Povoação. Polícia conhece situação e garante estar a fazer tudo o que pode. Alguns povoacences exigem soluções imediatas, não recusando resolverem o assunto por outras vias
Povoacences admitem pôr fim a onda de assaltos por meios próprios

Autor: Rui Lei Melo
Fartos dos constantes furtos que dia após dia vêm sendo motivo de relato nas ruas e cafés da vila e desiludidos com a limitada capacidade de intervenção das autoridades perante a onda de assaltos que ali se vem verificando nos últimos meses, alguns moradores da Povoação estão decididos a formar um grupo para pôr cobro à situação e fazer com que a Povoação volte a ser uma localidade segura.
“Somos pelo menos uns quinze e estamos prontos a fazer frente aos assaltantes. Para já estamos a organizar um grupo a fim de nos manifestarmos junto à Polícia e ao Ministério Público mas depois... é para a porrada”, diz um dos envolvidos que, tal como todas as outras pessoas contactadas pelo Açoriano Oriental, optou por manter o mais absoluto anonimato. De resto, o clima de insegurança e medo na Povoação é tal, que certas pessoas se recusaram, inclusive, a responder sobre o número de vezes que determinado estabelecimento comercial ou casa tinha sido alvo de furto.
Furtos estes que têm sido muitos (atingindo números de referência), seja em estabelecimentos comerciais, casas particulares ou em viaturas estacionadas, verificando-se quer no centro da Vila, quer nas Lombas que a circundam. Na rua principal da Vila, uma peixaria já foi alvo de furto por quatro vezes e, paredes meias, uma florista entrou na lista de vítimas já esta semana. A proprietária não hesita: “quem o fez tem muita escola”, ao descrever o modo como se introduziram durante a noite no seu estabelecimento. Ainda mais recentemente o alvo foi uma loja de conveniência, embora a lista seja bastante considerável. Nas Lombas os alvos prioritários são as habitações, vazias durante o dia, ou automóveis, que são um alvo preferencial em qualquer momento e lugar. Até o próprio centro de saúde local já reforçou as medidas de segurança
Curioso é que de entre os objectos furtados há um pouco de tudo, desde ouro e dinheiro, leitores de DVD e outros objectos de valor, isto no caso das casas particulares e estabelecimentos comerciais, havendo também relatos de roubos de telemóveis, alfaias agrícolas, gado e mesmo chocolates!
“Roubam o que querem a qualquer hora. Até já roubam a gasolina dos carros”, diz uma das vítimas, proprietária de um estabelecimento de restauração.
A sustentar a crescente vontade de alguns povoacences fazerem justiça pelas próprias mãos, é o facto de estarem perfeitamente identificados os responsáveis pela onda de assaltos que se verifica na localidade: “São sempre os mesmos. É um grupo de meia-dúzia de gatos pingados. Por isso não devemos estar intimidados sabendo eles quem são, e por isso a solução mais certa é nós próprios fazermos justiça”, acrescenta um comerciante local. Apontam para um grupo de jovens com problemas de toxicodependência, que alegadamente residirão numa casa afecta a uma instituição particular de solidariedade social do concelho.
Comuns aos povoacences abordados pelo Açoriano Oriental são as críticas relativas à alegada ineficácia das autoridades. Estas não se dirigem em particular à PSP, que dizem que “faz o que pode”, mas principalmente às leis e ao Ministério Público, que não apresentam capacidade para deter os suspeitos. Por isso, acrescenta um outro povoacence alvo dos amigos do alheio, “pego num deles, basta um e ele passa a servir de exemplo para os outros do grupo”, diz um comerciante do centro da Povoação.
As sensibilidades estão à flor da pele com a população longe de estar tranquila, quer pela eventualidade dos furtos continuarem ao ritmo actual, quer com o que daí virá, caso os populares entrem em acção.
Um dos próprios entusiastas do grupo de cidadãos já disse: isto vai dar asneira e não vai ser pouca”.

Campo de actuação balizado pela lei

A PSP da Povoação está atenta à situação e, mesmo se não fala em termos tão alarmantes como alguns populares o fazem crer, admite que as queixas de furto têm atingido um número especialmente elevado nas últimas semanas. De acordo com o responsável local da PSP, Manuel Teixeira Cruz, a situação começou a notar-se em finais de Agosto e agora, embora continue “a não estar fácil”, está a atenuar. Sobre a opinião popular dos autores estarem perfeitamente identificados, o chefe Cruz alerta que “em termos de saber quem são, não é tão linear como as pessoas pensam”, embora aceite alguma sustentação nas suspeitas. “Mas nós só podemos actuar com provas e não podemos falar no campo das suspeitas”, diz, acrescentando que a PSP local faz o possível em termos de vigilância
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