Nas intervenções que se seguiram ao discurso do presidente, os representantes dos partidos da oposição fizeram uma leitura diferente, com José Pacheco, líder parlamentar do Chega, a adjetivar o discurso sobre o estado da região de “bonito e floreado”.

Pacheco referiu que Bolieiro “falou de muita coisa, mas não falou da SATA” (a companhia aérea açoriana que está em fase de privatização), nem “da baixa do RSI [Rendimento Social de Inserção]” ou do “cheque saúde”, que está aprovado no parlamento, por proposta do partido e “continua completamente esquecido”.

O parlamentar Nuno Barata (IL), também não poupou nas críticas ao executivo regional: “Nunca, na história da autonomia, estivemos tão mergulhados em dívida como estamos hoje. […] Temos, inclusivamente, em perigo a sobrevivência de instituições importantíssimas para o futuro dos Açores e dos açorianos, porque o Governo Regional foi incapaz de resolver o problema da Azores Airlines que tinha entre mãos desde 2020”, disse.

Barata salientou que Bolieiro deixará “um legado de trapalhadas”, de "problemas” e de “dívida para pagar”.

Pelo PPM, João Mendonça reconheceu que “os números extraordinários do crescimento económico que se estão a conseguir” na região são a prova do trabalho que está a ser desenvolvido pelo Governo Regional de coligação que o partido integra.

O parlamentar António Lima (BE) reconheceu que “esperava mais” da intervenção do líder do executivo regional e que abordasse “questões que são prementes e não apenas um debitar de dados estatísticos e de alegados feitos do Governo Regional”.

“Senhor presidente do Governo há um elefante na sala, e o senhor não pode vir a esta tribuna e ignorar, que é a situação da SATA […]. O senhor prometeu salvar a SATA e hoje, aquilo que sabemos, é que a SATA está cada vez mais próximo de estar, de facto, encerrada”, afirmou.

Por sua vez, o deputado Pedro Neves (PAN), disse que meia hora antes da intervenção de Bolieiro tinha apostado que o governante falaria de tudo “menos da SATA”.

“Dito e feito. Não falou da SATA, aquilo que para nós e para todos os açorianos é de enorme relevância, o senhor presidente esqueceu-se daquilo que era mais importante”, apontou.

Pelo PSD, o líder parlamentar Bruto da Costa felicitou José Manuel Bolieiro pela intervenção e por ter apresentado resultados da governação, coisa que não costumava acontecer no parlamento regional.

“A verdade é que hoje os açorianos estão melhor e reconhecem isso, não só nesta governação, nos partidos que a compõem, mas também nos autarcas do PSD e desta coligação que se recandidataram e que tiveram bons resultados eleitorais”, declarou.

O deputado do PS Carlos Silva lamentou que o líder do Governo Regional tenha feito “propaganda política”, tido uma atitude “mais de dirigente partidário do PSD e não de presidente do Governo” e que não tenha tido coragem de falar da situação financeira “desastrosa” da região e da SATA.

Carlos Silva perguntou ainda sobre o ponto de situação do Hospital Divino Espírito Santo de Ponta Delgada e se “deixou de ser uma prioridade”.

Por fim, o deputado do CDS-PP Pedro Pinto referiu que a governação de Bolieiro já tem um legado “virtuoso” relacionado com o “tanto” já feito pelas pessoas.

As melhorias são sentidas pelos açorianos “diariamente na sua vivência”, seja por existirem mais vagas em creches gratuitas, seja por os idosos terem mais dinheiro para comprar medicamentos ou um complemento da reforma, comentou.