Autor: Lusa/AO Online
O grupo "La parole bienvenue" [A Palavra Acolhida] afirmou que estas dioceses se mantiveram silenciosas diante dos abusos sexuais do padre, segundo a carta aberta citada pela agência de notícias AFP.
Na carta, dirigida em particular aos arcebispos de Dijon, Antoine Hérouard, e de Rabat, Cristobal Lopez Romero, o grupo solicita "uma lista de todos os trabalhos" prestados pelo padre "na presença de jovens".
A associação questiona ainda "a atitude e a resposta das autoridades eclesiásticas ao comportamento reiterado do padre".
Dezasseis pessoas foram identificadas como vítimas do religioso pelo grupo "La parole bienvenue" [A Palavra Acolhida] desde a acusação e detenção, no final de maio, de um padre da diocese de Dijon, no centro-leste de França, por agressão sexual agravada de uma menor. O religioso terá ainda cometido outros três abusos sexuais semelhantes que estão a ser investigados pela justiça francesa.
O padre oficiava em várias paróquias em redor de Dijon, mas foi enviado em 2017 para Rabat após uma queixa inicial, que foi posteriormente arquivada.
O religioso regressou a França em 2024, desta vez após novas acusações em Marrocos. Em novembro do mesmo ano, o padre foi proibido "de qualquer ministério com menores", segundo a diocese de Dijon, após a denúncia que levou à sua detenção em maio último.
A primeira denúncia, que remontam a 2010, partiu de um jovem que tinha 12 anos na altura dos abusos.
Desde então, foram apresentadas outras três queixas, segundo o grupo de vítimas, que o Ministério Público de Dijon não confirmou, alegando "a confidencialidade da investigação".
O número de vítimas pode ser muito maior, alertou o grupo, que, por isso, tenta encontrar os jovens que possam ter tido contacto com o padre, em Rabat e Dijon.
Entrevistado pela AFP, o arcebispo de Rabat garantiu não ter recebido "qualquer relato" sobre o padre.
"Fui eu próprio que observei um comportamento que considerei inapropriado e perigoso para um padre, tendo comunicado ao próprio e ao seu bispo (de Dijon)" esta situação, disse o arcebispo de Rabat.
No entanto, o caso não foi levado à justiça porque estes "comportamentos não constituíram atos criminosos", acrescentou o arcebispo Romero.
Em Dijon, o arcebispo Hérouard recusou-se a "divulgar" as duas investigações em curso, criminal e canónica, afirmando ter tomado "as restrições necessárias" após a denúncia contra o padre.