Autor: Lusa/AO Online
“Cinquenta anos passados são cinquenta anos a mais”, lamenta Philippa Carrick, directora executiva da organização não lucrativa Tibet Society, em declarações à agência Lusa.
O facto de ter passado tanto tempo sem que a situação tenha mudado “é uma prova da falta de empenho do mundo que permitiu que a situação se prolongue durante meio século”, acusa.
A Tibet Society é a mais antiga organização no Mundo de apoio à causa do Tibete livre, tendo sido fundada em 1959, poucas semanas depois do exílio do Dalai Lama, o líder político do território.
Em conjunto com outras organizações, vai organizar uma manifestação no sábado junto à embaixada chinesa e no centro de Londres.
Na terça-feira, dia do aniversário, será feita uma acção de lóbi junto do Parlamento britânico, seguindo-se uma vigília junto à representação diplomática chinesa na capital britânica.
Uma das personalidades envolvidas nestes eventos é o deputado Democrata-Liberal Norman Baker, vice-presidente do grupo parlamentar pelo Tibete, que reúne 20 deputados de todos os partidos.
“Fazemos pressão para que, quando ministros se encontram com dirigentes chineses, a questão seja levantada e o governo [britânico] está sob constante escrutínio”, diz à Lusa.
Para Baker, as acções desta semana marcam “50 anos desde que os chineses impuseram uma mão de ferro sobre o povo do Tibete, transformando o que era antes um país livre num satélite da China, uma espécie de colónia”.
“É importante para o resto do mundo, porque este é o exemplo de comportamento de uma super-potência que é inaceitável, idêntico ao de potências europeias há 200 anos atrás com colónias africanas”, opina.
Uma presença importante nos protestos será a de Palden Gyatso, que passou 33 anos preso e em campos de trabalho após a detenção durante a revolta de 10 de Março de 1959 e que é um dos poucos sobreviventes daquele momento.
Philipa Carrick salienta que, passados 50 anos, “as condições no país são as mesmas, as pessoas continuam a ser presas por protestos pacíficos”.
Desde os protestos do ano passado que “tem havido uma enorme repressão” e as notícias são cada vez menos, diz.
Quanto à hipótese de a atitude mudar, tal como parece ter havido da parte de Pequim em relação a Taiwan, Carrick e Baker mostram-se cépticos.
Para o deputado democrata-liberal, “a situação não é comparável porque os chineses controlam o território num estilo militar, enquanto Taiwan é uma ilha”.
A directora da Tibet Society recorda que houve esperanças também na altura da reunião de Hong Kong à China.
“Mas, por qualquer razão,” nota, “parece haver um fosso ideológico maior e uma teima maior quando se trata do Tibete”.