Açoriano Oriental
Trabalhadores dos Açores manifestam-se contra propostas de alteração à legislação laboral

A União de Sindicatos de Angra do Heroísmo (USAH) manifestou-se contra as propostas de alteração à legislação laboral do Governo da República, alegando que serão ainda mais prejudiciais nos Açores

Trabalhadores dos Açores manifestam-se contra propostas de alteração à legislação laboral

Autor: Lusa/AO Online

“Os Açores são a região mais pobre do país, com os salários mais baixos do país, onde se praticam as piores condições de trabalho do país. Se esta legislação vai ser negativa e vai ter efeitos nefastos a nível nacional, vai ser muito mais grave em relação aos Açores”, afirmou o coordenador da União de Sindicatos de Angra do Heroísmo, afeta à CGTP-IN, Vítor Silva.

O dirigente sindical falava, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, depois de ter entregado no gabinete do representante da República para os Açores uma resolução aprovada, minutos antes, num encontro sindical, contra as propostas de alteração à legislação laboral.

Segundo Vítor Silva, apesar de já existirem várias iniciativas de protesto a nível nacional, os trabalhadores dos Açores sentiram “obrigação” de também se pronunciarem contra o que consideram ser um “retrocesso de direitos laborais”.

“Faz todo o sentido que demos informação e sensibilizemos os nossos delegados e os nossos dirigentes sindicais para que eles possam junto dos colegas de trabalho prestar os devidos esclarecimentos e fazê-los perceber que todos temos de unir esforços e lutar contra este pacote laboral”, apontou.

Longe de Lisboa, os trabalhadores açorianos optaram por entregar uma resolução ao representante da República para os Açores, para que Pedro Catarino "possa fazer chegar ao Governo da República que, também nos Açores, os trabalhadores estão contra este pacote laboral”.

Além disso, foi marcada para hoje uma greve em creches, jardins de infância e ateliês de tempos livres de instituições de solidariedade social e estão previstas greves noutros setores.

“O nosso objetivo é alargar estas greves a mais setores de atividade no privado para que os trabalhadores possam também juntar-se às nossas lutas e contribuir com a sua presença para derrubar este pacote laboral que será um retrocesso enorme nos direitos dos trabalhadores”, vincou o dirigente sindical.

Questionado sobre a adesão à greve marcada para hoje, Vítor Silva disse ainda não ter números, mas salientou que várias instituições encerraram e que “grande parte das pessoas que participaram no encontro sindical eram trabalhadores deste setor”.

O coordenador da USAH disse estar convencido de que a maioria dos trabalhadores ainda não se apercebeu do que está em causa com as alterações propostas pelo Governo da República.

“É muito importante que os sindicatos façam este papel de informação, sensibilização, que vão para os locais de trabalho dizer o que está em causa para as pessoas perceberem. Quando nós explicamos, toda a gente fica realmente muito preocupada”, revelou.

Vítor Silva defendeu que o pacote de mais de 100 medidas proposto pelo Governo da República não tem “uma única favorável aos trabalhadores” e alertou que vai “desregular completamente as relações de trabalho”.

“Este pacote não é para ser trabalhador, é quase para ser escravo e este tempo da escravatura já foi abolido há muito tempo”, sublinhou.

No documento entregue, a União de Sindicatos de Angra do Heroísmo apresentou ainda propostas de melhoria das condições laborais dos trabalhadores, como a redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais, o aumento dos salários, o princípio do tratamento mais favorável e o fim da caducidade dos contratos coletivos de trabalho.

“O crescimento que tem havido do ponto de vista económico em alguns setores, como o turismo, o comércio ou a restauração, não se tem traduzido a favor de quem trabalha”, salientou o dirigente sindical, acrescentando que “estes setores têm condições para pagarem melhor aos trabalhadores”.

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