Açoriano Oriental
Sede própria é concretizar de sonho antigo da ALZA

A Associação Alzheimer dos Açores (ALZA) vai ser apoiada em 800 mil euros pelo Governo Regional dos Açores para a aquisição e remodelação de um imóvel em Ponta Delgada para a instalação da sua sede

Sede própria é concretizar de sonho antigo da ALZA

Autor: Nuno Martins Neves

É a melhor prenda de Natal que a Associação Alzheimer dos Açores (ALZA) poderia receber. No ano em que comemoram 15 anos de atividade, o sonho antigo de possuir uma sede própria tornar-se-á realidade no próximo ano, depois do Governo Regional dos Açores, por intermédio da Vice-Presidência e Direção Regional da Segurança Social, ter concedido um apoio de 800 mil euros para a aquisição de um imóvel em Ponta Delgada, e a respetiva adaptação do espaço.

“É um sonho antigo. Existimos há 15 anos e desde a primeira hora que sonhamos em ter um espaço nosso para desenvolver o nosso trabalho”, explicou, em entrevista ao Açoriano Oriental, Berta Cabral do Couto, presidente da direção da ALZA. É, como confidenciou, o culminar de três anos de negociações com o Governo.

“Foi, finalmente, reconhecido e resolvido o problema das instalações da Associação, com a assinatura da escritura de aquisição do imóvel. Esperamos que, no decorrer do próximo ano, possamos ter as instalações em condições de funcionarem e, certamente, com melhorias acrescidas para os seus utilizadores”, acrescentou.

O imóvel, situado na Avenida Príncipe do Mónaco, permitirá à ALZA elevar para outro patamar o trabalho desenvolvido junto dos doentes que sofrem de Alzheimer.
Possibilitará, desde logo, aumentar o número de frequências das pessoas que pretendem frequentar o Centro de Estimulação Cognitiva: atualmente, a associação tem capacidade para 18 utentes, número que poderá chegar aos 28 ou 29 na futura sede.

Segundo Berta Cabral do Couto, o imóvel agora adquirido dará uma nova força à criação do Centro de Noite, um pré-projeto que já tem candidatura aprovada pelo Governo Regional.  “As pessoas com a doença de Alzheimer poderão passar a noite nas nossas instalações, nas situações em que o seu cuidador precise de tempo para uma intervenção cirúrgica ou para tirar férias”, exemplifica. Ao todo, são cinco os quartos com casas de banho privativas existentes na moradia que irá sofrer obras de adaptação.

Na cave do edifício, surgirá um centro de documentação, mas também existirá uma ampla área, onde a associação poderá promover formações ou eventos. “Temos uma vertente psicossocial com a comunidade: interagimos muito com a Universidade dos Açores, incentivando à investigação. Este edifício será uma mais valia para as gerações vindouras”.

Mas não só: com 2 mil metros quadrados de jardim, o novo espaço possibilitará à ALZA pôr em prática funcionalidades como terapia com animais, uma horta para os utentes “e, depende das possibilidades, um jacuzzi”.

Mais valias que, na opinião da presidente da associação, beneficiarão a qualidade de vida e o bem-estar dos doentes com Alzheimer, com atividades mais diversificadas. “As pessoas com doença de Alzheimer não podem estar reservados a um só espaço. Beneficiam imenso, pois interagem com os outros”.

Berta Cabral do Couto não tem dúvidas em classificar a doença de Alzheimer como “o flagelo do século XXI, por não haver cura” e que a concretização da criação da sede da ALZA“é um grande legado que deixamos à comunidade. Não íamos levar a vida toda com a casa às costas. É um desafio, uma grande conquista e este foi um grande objetivo pelo qual lutamos sempre”.

Está por fazer o levantamento do número de doentes na Região

Está por fazer o levantamento do número de pessoas nos Açores que sofrem da doença de Alzheimer. A afirmação é de Berta Cabral do Couto, presidente da Associação Alzheimer dos Açores, que exorta as entidades a unirem esforços para que seja conhecida a real situação do arquipélago.

“Nunca houve um levantamento e é uma pena. Só sabemos dos casos quando nos dão conhecimento. Às vezes vamos ao encontro, quando alguém nos comunica”, explica.

Para a presidente da ALZA, seria importante que fosse feito esse levantamento pelas ilhas todas. Mas para isso, diz, “tem de haver um trabalho de campo para depois se falar seriamente do que existe. Não há uma noção real da situação”.


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