Autor: Lusa/AO Online
"Por dia, 100 estudantes serão atirados para fora do ensino superior. As dificuldades económicas, a dificuldades de acesso à bolsa de estudo e o aumento do valor das propinas, são apontados como as causas pelos serviços de acção social das instituições", defendeu a deputada comunista Rita Rato.
Num debate de atualidade sobre abandono do ensino superior suscitado pelo PCP, Rita Rato considerou "inaceitável que desde 2009 sejam públicos relatos de estudantes universitários que recorrem ao Banco Alimentar para matar a fome e que a resposta encontrada pelo anterior Governo PS e pelo atual Governo PSD/CDS seja cortar bolsas, aumentar propinas e cortar no passe sub-23".
"Há muito que estudar no ensino superior já não é para quem quer, é para quem pode pagar", afirmou, referindo que "o valor da bolsa média situa-se nos 1825 euros", que "depois de pagar as propinas", deixa o estudante com 82,5 euros por mês, ou seja, 2,75 euros por dia, "não chegando sequer para almoçar todos os dias da semana na cantina".
Para o PCP, "é inaceitável que o Governo PSD/CDS, num país em crise, tenha colocado à disposição da banca 12 milhões de euros, e não garanta umas ´migalhas' para travar esta sangria de estudantes no ensino superior por motivos de insuficiência económica".
O deputado do CDS-PP Michael Seufert criticou que o PCP faça "afirmações com base em dados fantasma", porque "não há dados oficiais" sobre o abandono, recusando ainda que um eventual abandono esteja relacionado com o novo regulamento de atribuição de bolsas que, disse, é "unanime" que é melhor que o anterior.
O BE, anunciou através de Ana Drago, a apresentação de um projeto de resolução recomendando ao Governo a alteração ao regulamento para o seu "deferimento a estudantes de famílias carenciadas que não sejam titulares de dívidas do agregado familiar" e disse que o discurso do CDS é "inaceitável" porque ninguém pode dizer que não sabe que há abandono.
O deputado socialista e líder da JS Pedro Alves apelidou os partidos da maioria de "pirómanos", que estão a "deitar fogo" às universidades, e defendeu o regulamento de atribuição de bolsas do Governo PS, dizendo que o atual diminui o número de beneficiários e o valor das bolsas.
O deputado PSD e líder da JSD Duarte Marques contrapôs que a "bolsa média aumentou 100 euros", afirmando que aumentou igualmente a fiscalização, "porque a bolsa é para quem realmente precisa", acusando o PS de, "no passado", gastar "apenas num ano aquilo que era suporto ser para dois anos letivos".