Açoriano Oriental
Apenas um município dos Açores avançou para um Plano Diretor de Iluminação

Os Planos Diretores de Iluminação permitem poupanças energéticas de até 60% na iluminação pública. Mas dos oito Planos já realizados, cinco abrangem municípios da Madeira e até agora apenas Santa Cruz da Graciosa aderiu.

Apenas um município dos Açores avançou para um Plano Diretor de Iluminação

Autor: Rui Jorge Cabral

Os Planos Diretores de Iluminação foram pensados para reduzir custos e defender a vida noturna nos arquipélagos dos Açores, Madeira e Canárias, mas Santa Cruz da Graciosa é, para já, o único município dos Açores aderente, num processo onde a Madeira tomou claramente a dianteira.

Refira-se que o município do Corvo já tinha feito uma alteração da sua iluminação pública,  para luzes mais adequadas à biodiversidade, mas devido à muito pequena dimensão da ilha, não foi necessário aplicar um Plano Diretor de Iluminação.

Dos oito Planos Diretores de Iluminação já realizados, cinco abrangem municípios da Madeira (Câmara de Lobos, Funchal, Santana, Santa Cruz e Machico),  apenas um está nos Açores (Santa Cruz da Graciosa) e dois no arquipélago espanhol das Canárias (Mogán, na ilha Gran Canaria e Buenavista del Norte, na ilha de Tenerife).

Os Planos Diretores de Iluminação resultam do projeto LIFE Natura@night, coordenado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), sendo que em apenas três anos, esta iniciativa já permitiu poupanças energéticas de até 60% na iluminação pública e um contributo concreto para a conservação da biodiversidade.

Nos concelhos com Plano Diretor de Iluminação, vários arruamentos  foram alvo de intervenções na sua iluminação pública, tendo sido implementadas luminárias mais eficientes e amigas da biodiversidade noturna.

Em declarações ao Açoriano Oriental, a coordenadora da SPEA nos Açores, Azucena de la Cruz, explica que os Planos Diretores de Iluminação são “um instrumento que permite analisar a iluminação pública que há numa determinada zona e compatibilizá-la com o uso que a zona tem. Portanto, dependendo se uma zona é comercial ou se é uma zona dormitório, o objetivo da iluminação pública também tem de estar de acordo à atividade que é feita no local”.

Azucena de la Cruz explica que “estes planos permitem que o município planifique a iluminação pública de uma maneira muito mais organizada, o que permite também poupanças, para além de uma muita melhor qualidade em termos de iluminação e de bem-estar da população”.

Justificando a aplicação dos Planos Diretores de Iluminação, a coordenadora da SPEArefere que “há um excesso de iluminação em muitos sítios, mas muitas vezes também há uma iluminação desadequada ou uma iluminação que está tapada por árvores, pelo que o objetivo é corrigir estas situações. E o que é uma iluminação excessiva? É uma iluminação que não está a ir para onde é precisa. Porque em muitos casos, nós temos uma grande dispersão desta iluminação para o céu, que é o que chamamos de poluição luminosa, onde a energia não está a servir para aquilo que nós pretendemos com a iluminação pública à noite, que é vermos o chão”.

E quais são os efeitos da iluminação nas aves e noutras espécies? Azucena de la Cruz afirma que “nos Açores, sabemos bem o que acontece com os cagarros juvenis, que ficam desorientados com as luzes, principalmente nas zonas costeiras e caem. Mas há muitos efeitos que a iluminação artificial à noite provoca, principalmente quando é muito branca e imita mais a luz solar. Por exemplo, em zonas em que temos uma iluminação muito branca, às vezes ouvimos pássaros a cantar à noite, porque eles acham que é de dia, além dos efeitos em muitas espécies , como as borboletas noturnas ou os morcegos, bem como até no próprio ser humano”.

Gostaria então a SPEA de ver mais municípios dos Açores, principalmente os maiores, aderirem também a esta iniciativa? Azucena de la Cruz considera que sim porque “achamos que é perfeitamente viável”, uma vez que “se no âmbito deste projeto na Madeira, o município do Funchal aderiu e tem um plano de iluminação pública”, apesar de ser o mais populoso da Madeira, com mais de 100 mil habitantes, não há razão para que nos Açores não haja mais municípios a aplicar os Planos Diretores de Iluminação, conclui.

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