Autor: Lusa/AO Online
A Acled, que regista as vítimas de conflitos em todo o mundo, contabilizou 1.545 mortos civis em outubro.
Contando todas as vítimas, a ONG registou mais de 3.000 mortos no mês passado, quase tantos quanto em outubro de 2024 (3.240, dos quais 966 eram civis), quando os paramilitares tinham multiplicado as ações violentas no estado de Al-Jazira (centro).
A Acled enumera as vítimas compilando dados de diferentes fontes consideradas fiáveis ('media', instituições, parceiros locais).
No total, desde meados de abril de 2023, a ONG registou cerca de 49.800 mortos no Sudão, incluindo cerca de 15.300 civis.
Metade das mortes foi contabilizada nas regiões de Darfur-Norte e Cartum (aproximadamente 14.000 e 11.200).
Algumas centenas foram contabilizadas na região contestada de Abyei, reivindicada pelo Sudão e pelo Sudão do Sul.
A ONG alerta que este balanço poderá evoluir nas próximas semanas devido às dificuldades de comunicação.
De acordo com outras fontes ligadas ao poder pró-exército, mais de 2.000 civis foram mortos na cidade no final de outubro.
Além disso, o uso de drones está a aumentar no Sudão.
Nos primeiros 10 meses de 2025, a ONG registou mais de 700 eventos violentos em que o uso de drones foi mencionado, três vezes mais do que em 2023.
Entre esses ataques, 341 foram exclusivamente aéreos, sem combate terrestre, e causaram sozinhos cerca de 1.900 mortes, das quais mais de 1.400 em 2025.
A guerra civil nesta nação africana começou em abril de 2023 devido a desentendimentos sobre integração dos paramilitares das denominadas Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla inglesa) nas Forças Armadas do Sudão, impedindo a transição iniciada após a queda do regime de Omar al-Bashir em 2019, já enfraquecido após o golpe que depôs o então primeiro-ministro, Abdalla Hamdok.
O conflito, marcado pela intervenção de vários países em apoio das partes beligerantes, mergulhou o país numa das maiores crises humanitárias do mundo, com milhões de deslocados internos e refugiados, além de alarme internacional com a propagação de doenças e os danos em infraestruturas.
A guerra no Sudão causou a morte a dezenas de milhares de pessoas — mais de 150 mil, segundo estimativas dos EUA —, obrigou mais de 13 milhões a fugir das suas casas e transformou o país africano no cenário da pior catástrofe humanitária do mundo, de acordo com a ONU.