Açoriano Oriental
Fraca visibilidade compromete buscas na Lagoa das Sete Cidades

Bombeiros prosseguiram buscas no local onde desapareceu um homem de 57 anos. Fraca visibilidade, agravada pela presença das algas, tem dificultado o trabalho dos mergulhadores.


Fraca visibilidade compromete buscas na Lagoa das Sete Cidades

Autor: Nuno Martins Neves

“A visibilidade é de 1 metro. Quando chegamos às algas, é de centímetros”, desabafou um dos mergulhadores que ontem voltaram à Lagoa das Sete Cidades para o segundo dia de buscas pelo homem de 57 anos, pescador natural da freguesia de Santa Clara, concelho de Ponta Delgada, que desapareceu na quinta-feiraà tarde.

Ontem, foram centenas as pessoas que rumaram às Sete Cidades, para aproveitar o feriado, fosse para um churrasco, uma caminhada ou andar de caiaque ou “gaivota” na lagoa, indiferentes à operação dos Bombeiros Voluntários de Ponta Delgada, que, instalados junto ao pontão encostado ao antigo campo de futebol, envidaram todos os esforços para recuperar o corpo do pescador de 57 anos.

O AçorianoOriental apurou, junto de familiar, que o desaparecido era natural da freguesia de Santa Clara e que se encontrava acampado nas Sete Cidades, mais uns amigos. Na quinta-feira, “almoçou bem e bebeu um fino antes de decidirem andar de gaivota na lagoa”, conta o irmão do desaparecido.

Já no interior do corpo de água, decidiu tirar o colete salva-vidas para mergulhar. “Ele era um peixe na água, nadava muito bem”, acrescenta o familiar.

Era para ser uma brincadeira, mas terá se sentido mal. Segundo o que contaram aoirmão - e que este partilhou com o jornal - “uma rapariga que estava na gaivota ainda se atirou à água e agarrou-lhea mão, mas ele acabou pordesaparecer”.

No local assinalado pelas testemunhas, a lagoa conta com uma profundidade a rondar os 5/6 metros (há áreas onde chega a atingir os 30 metros), com algas que chegam a atingir perto de 4 metros de altura.

Depois de interrompidas ao final do dia de quinta-feira, a operação de busca foi retomada ontem às 9h00. O comandante dos Bombeiros de Ponta Delgada, Nuno Barbosa, explica que antes dos mergulhadores e dos barcos regressarem à água, foi feita uma varredura aérea, por intermédio de um drone.

Seguiram-se os mergulhos, no local indicado pelas testemunhas do incidente, acompanhados por uma embarcação com um sonar.

Mas a fraca visibilidade dificultou as operações: apesar da inexistência de correntes e da fraca ondulação, as algas, bem como o lodo libertado do fundo da lagoa, tornam tudo muito. “A visibilidade é de 1 metro debaixo de água. Quando chegamos às algas, não vemos mais do que poucos centímetros”.

Os bombeiros não pouparam esforços, tendo procedido a diversos contactos, com diversas entidades. Entre elas, a Universidade dos Açores, que a meio da tarde de ontem levou o BlueRov2, um drone submarino com capacidade de submergir até 100 metros de profundidade.

Todos os esforços foram, até ao final do dia, infrutíferos, com as operações a serem retomadas este sábado.

Tragédia volta a abater-se sobre freguesia
Apesar da beleza mundialmente conhecida, a Lagoa das Sete Cidades encerra, em si, uma trágica história. O desaparecimento do pescador de Santa Clara é o episódio mais recente, mas há 11 anos, em junho de 2014, um jovem de 15 anos perdeu a vida, após um mergulho naquele corpo de água.

De recordar que, segundo o Plano de Ordenamento da Bacia Hidrográfica da Lagoa das Sete Cidades, “a área de recreio balnear - praia, devidamente delimitada e sinalizada, deve ser a única localização onde é permitida a prática de natação e banhos”.

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