Autor: Maria Andrade
A divulgação das listas de afetação dos professores nos Açores, que deveria ter acontecido no dia 14 de agosto, foi adiada para o próximo dia 18, deixando muitos docentes em suspenso quanto ao local onde iniciarão o ano letivo. O atraso, que não é inédito, volta a gerar indignação na classe, que se vê obrigada a reorganizar a sua vida pessoal e familiar em cima da hora.
Muitos professores estão colocados em ilhas diferentes das suas residências, o que implica viagens, mudança temporária de habitação e, em alguns casos, a transferência dos filhos para novas escolas ou a procura urgente de soluções como ATL’s. “Nós não somos só professores, temos família que fica implicada com estas decisões”, afirma uma docente contactada pelo Açoriano Oriental.
Segundo esta docente, esta situação repete-se ano após ano, mas tem-se agravado.
“Nos últimos anos tem sido assim, sempre até à última, e já não é a primeira vez que as listas se atrasam. Não há dinheiro para nada, as escolas estão cada vez mais degradadas, chegamos ao ponto de ter de comprar material de primeiros socorros e para fazer atividades com os nossos alunos, porque simplesmente nunca há dinheiro”, afirma.
“Não há auxiliares suficientes, os que estão, estão sobrecarregados, e fazem-se textos magníficos sobre inclusão, mas nós não temos as mínimas condições, nem de pessoal, nem de infraestruturas, para receber estas crianças que precisam de uma atenção especial”, admite.
E as críticas não se ficam pelos atrasos. Também a progressão na carreira é afetada pela demora dos processos. Segundo a docente contactada pelo Açoriano Oriental, vários professores esperam meses pela atualização salarial e pelo pagamento de retroativos. “Se fossemos nós a faltar submeter um papel ou a atrasar o nosso concurso, estávamos excluídos, mas como temos sido os ‘carrascos’ que aguentam tudo, podemos atrasar as nossas vidas, outra vez”, afirma.
A desmotivação não atinge apenas os professores, mas também os funcionários das secretarias das escolas, que, segundo testemunhos recolhidos, se encontram igualmente desgastados pelas exigências e pela falta de meios.