Autor: André Medina/ Lusa
O micaelense João Medeiros continua a deixar a sua marca na 86.ª Volta a Portugal, num dia de “festa” para a Credibom/L.A. Alumínios/Marcos Car (LAA).
Na 8.ª etapa da prova “rainha”, que ligou ontem Ferreira do Zêzere a Santarém, num trajeto de 178,2 quilómetros, Medeiros apresentou o seu melhor nível e esteve sempre na frente da corrida, depois de se ter afastado do pelotão (à passagem do quilómetro 55).
Sem nunca perder o ritmo, o ciclista açoriano cortou a linha de meta na quinta posição [igualou a sua melhor prestação de sempre numa etapa da “Volta”, conseguida precisamente na 1.ª etapa desta 86.ª edição], com uma marca de 4h1m5s, apenas 2s de diferença para o grande vencedor do dia, o israelita Rotem Tene (Israel Premier Tech Academy).
Rotem Tene nunca tinha ganhado nada, mas ontem provou a si mesmo que é um vencedor, ao conquistar a oitava etapa da Volta a Portugal em bicicleta, na qual Hugo Nunes, colega de equipa de Medeiros, garantiu virtualmente a classificação da montanha.
O israelita “ofereceu” o quarto triunfo na 86.ª edição à Israel Premier Tech Academy ao ser o mais forte de uma numerosa fuga que chegou com sucesso a Santarém, impondo-se a Nicolás Tivani (Aviludo-Loulé-Louletano), segundo, com as mesmas 04h01m03s, e novo líder da classificação por pontos, após o abandono do campeão olímpico Iúri Leitão (Caja Rural).
O terceiro, a dois segundos, foi o português Francisco Campos (AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense), com o camisola amarela Artem Nych (Anicolor-Tien21) e todos os homens da geral a chegarem a 02m22s.
Numa jornada marcada pelos abandonos de Leitão, o então camisola laranja, que de acordo com a Caja Rural acordou com febre, e de António Carvalho (Feirense-Beeceler), o terceiro classificado de 2022 e 2023, que não “resistiu” à lesão num joelho, a fuga “pegou” apenas quando estavam decorridos 55 dos 178,2 quilómetros entre Ferreira do Zêzere e Santarém.
Apesar de ter assumido na véspera ter as pernas “um pouco cansadas”, Hugo Nunes (LAA)) voltou ontem a fugir para assegurar a vitória na classificação da montanha, na companhia de Tivani, mas também do companheiro João Medeiros, que impediu o argentino de ser segundo na quarta categoria de Abrantes, onde o camisola azul passou primeiro.
Com a montanha “perdida”, Tivani voltou-se para a classificação por pontos, uma missão facilitada pelo abandono de Leitão, sendo o primeiro a passar na meta volante de Constância, onde os 25 fugitivos tinham três minutos de vantagem para o pelotão.
O argentino da Aviludo-Louletano-Loulé também foi o primeiro no sprint intermédio em Alpiarça, um resultado que, somado ao segundo lugar na etapa, praticamente lhe garantiu nova vitória na classificação por pontos, à semelhança de Nunes, já virtualmente vencedor da classificação da montanha, após passar na frente na montanha de quarta categoria de Santarém.
“Ainda tenho que pedalar mais uns quilómetros até Lisboa, mas hoje [ontem] acho que já vou dormir mais descansado, já sou virtualmente ‘rei da montanha’ mais uma vez. Estou a repetir o feito de 2020, mas esta tem um sabor ainda mais especial”, confessou no final da etapa o ciclista da LAA, visivelmente emocionado.
Quando parecia que a fuga ia ser anulada – nos derradeiros 15 quilómetros, tinham pouco mais de um minuto de vantagem -, o pelotão “levantou o pé” e permitiu que os escapados discutissem entre si a etapa, com o único israelita desta “Volta” a ganhar.
Após uma “pausa” na luta pela geral, Artem Nych vai partir este sábado para os 174,4 quilómetros da penúltima etapa com 46 segundos de vantagem sobre o colega francês Alexis Guérin e 01m20 para o colombiano Jesús Peña (AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense), que fecha o pódio.
A nona etapa da 86.ª edição, que é uma “homenagem” aos grandes voltistas do ciclismo português – Joaquim Agostinho e João Almeida -, liga Alcobaça ao alto de Montejunto, onde a meta coincide com uma contagem de montanha de primeira categoria.