Autor: Lusa/AO Online
Em comunicado difundido pela diplomacia de Washington, Marco Rubio saudou a decisão de França, Alemanha e Reino Unido, justificada com incumprimento do acordo que regula o programa nuclear iraniano, e mostrou-se disponível para reatar o diálogo com Teerão e “encontrar uma solução pacífica e duradoura”.
Segundo uma carta hoje divulgada, os três países europeus, que constituem o grupo conhecido como E3, notificam o Conselho de Segurança da ONU, “com base em provas factuais”, que o Irão “está em incumprimento significativo dos seus compromissos” do acordo nuclear de 2015.
Israel também reagiu à decisão hoje anunciada pelo E3 e considerou que é "um passo importante para travar o programa nuclear iraniano" e fazer “pressão sobre o regime".
O embaixador israelita na ONU, Danny Danon, comentou em comunicado que “o Irão continua a ignorar a comunidade internacional e a violar os seus compromissos repetidamente” e agora “os países do mundo estão a juntar-se a esta luta contra o eixo do mal".
Israel iniciou em junho um conflito que durou 12 dias com o Irão, com o argumento de que a Republica Islâmica estava perto de obter uma arma nuclear, o que era refutado por Teerão.
No mesmo mês, os Estados Unidos bombardearam três instalações nucleares iranianas, mas é incerto os danos que os ataques norte-americanos e israelitas provocaram no programa iraniano.
Os países europeus têm vindo a ameaçar Teerão há meses e a ativação do mecanismo de sanções surge poucas semanas antes do fim do ultimato e numa altura em que a diplomacia está paralisada e as relações entre Teerão e Agência Internacional d Energia Atómica (AEIA) bastante reduzidas.
O E3 "fará pleno uso do período de 30 dias" para tentar encontrar uma solução negociada e evitar com sucesso a reimposição de sanções, indicaram os três países europeus na carta ao Conselho de Segurança, assinada pelos respetivos chefes das diplomacias.
Em reação, o secretário de Estado norte-americana comentou que Washington aprecia “a liderança dos aliados do E3 neste esforço” e indicou que, nas próximas semanas, irá trabalhar com eles e outros membros do Conselho de Segurança para “concluir com sucesso a reimposição das sanções e restrições internacionais contra o Irão".
Marco Rubio destacou que aqueles países europeus “expuseram claramente o contínuo e significativo incumprimento” do Irão dos seus compromissos nucleares e que já podiam ter iniciado o processo de reimposição de sanções em qualquer momento desde 2019.
No entanto, optaram por "procurar primeiro um maior envolvimento e diálogo para proporcionar ao Irão uma saída diplomática para a sua estratégia de escalada nuclear", prosseguiu o chefe da diplomacia de Washington.
Para o Irão, a decisão dos países europeus é porém “ilegal e injustificada” e a cooperação com a AIEA poderá ficar “seriamente em risco”.
Em comunicado, a diplomacia iraniana indicou que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Abbas Araghchi, falou por telefone com os homólogos do E3, a quem transmitiu que espera que “corrijam adequadamente esta decisão errada nos próximos dias" e atendendo às “realidades existentes”.
A Rússia, que a par de Estados Unidos, França, Reino Unido e China é um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, colocou-se ao lado do seu aliado iraniano e acusou os países do E3 de agirem sem “qualquer base legal”
Segundo Dmitri Polyanskiy, os países europeus não estão “a implementar de boa-fé” a resolução 2231 sobre o acordo nuclear iraniano de 2015.
De acordo com a AIEA, antes da guerra, o Irão enriquecia urânio até 60% de pureza — um pequeno passo técnico para atingir os níveis de 90% para a obtenção de armas - e desenvolveu também um ‘stock’ de urânio altamente enriquecido suficiente para produzir múltiplas bombas atómicas, caso optasse por fazê-lo.
A Assembleia-Geral da ONU, que decorrerá em setembro, deverá ter o Irão como um dos seus principais temas.