Autor: Lusa/AO Online
“Cada vez vemos mais mulheres a trabalhar no mar, a desenvolver negócios, a dar formação e no desenvolvimento tecnológico e científico. O projeto acaba por dar voz às mulheres. As mulheres são naturalmente cuidadoras e é preciso cuidar do nosso oceano”, explica à agência Lusa a realizadora Raquel Clemente Martins.
O documentário, que conta com as vozes de 49 mulheres e em que participaram, ao todo, 71 açorianas, vai ser exibido a 07 de novembro no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, na Conferência Nacional de Literacia do Oceano, já depois de se ter estreado na ilha do Faial em julho.
“O papel da mulher do mar dos Açores é um papel que tem vindo a ser alterado ao longo dos tempos. Era um papel quase transparente, apesar de estar sempre lá. Eram elas que apoiavam a nível familiar e na preparação dos aparelhos, mas não eram visíveis”, lembrou.
No filme participam mulheres de todas as ilhas açorianas como uma “relação emocional com o mar”, como pescadoras, biólogas, marinheiras, professoras ou arquitetas, que apresentam a perspetiva de ser mulher num meio historicamente dominado por homens.
“Queremos fazer a ligação com a presença da mulher nas profissões do mar e o impacto de existirem cada vez mais mulheres a estudar o oceano na área do desenvolvimento académico. Há cada vez há mais mulheres pescadoras, marinheiras ou em lugares de destaque em navios”, reforçou Raquel Clemente Martins.
Sob o mote de “Quem Ama, Cuida”, o documentário visa alertar para a necessidade de preservação dos oceanos, tendo já exibições previstas nos próximos meses e até ao inicio de 2026 na Alemanha, Espanha, Irlanda, Bruxelas, Macau e Hong Kong.
“Estamos a levar a voz das mulheres açorianas pelo mundo. Isso é extremamente emocionante”, afirmou a realizadora, expressando o desejo de exibir o documentário em todas as ilhas dos Açores.
O documentário sobre as mulheres açorianas integra o projeto “Mulheres do Mar”, da organização não-governamental para o desenvolvimento Help Images, que já está a preparar um segundo filme com relatos de mulheres de vários países europeus, México e Cuba.
“O projeto ‘Mulheres do Mar’ não é só fazer filmes. Queremos criar um ‘hub digital’ onde podemos encontrar todos os testemunhos e encontrar mulheres do mar que fazem parte deste movimento que já junta mais de 900 mulheres de 30 países”, concluiu a realizadora.