Autor: Lusa/AO Online
“Nós, nos Açores, temos uma dimensão muito reduzida! Não vamos ter ganhos económicos em ter mais de um operador de rede de distribuição, no meu entender!”, salientou o administrador da elétrica açoriana, durante uma audição na Comissão de Assuntos Parlamentares, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Regional, reunida em Ponta Delgada.
Na sua opinião, não haverá vantagens para os consumidores açorianos o aparecimento no mercado de operadores privados que pretendam investir no transporte e distribuição de energia no arquipélago, mas antes um possível encarecimento das tarifas.
“Nós não vamos ter o que ganhar com a abertura a outros porque vamos ter mais custos para a regulação, mais custos para o sistema e, por sua vez, mais custos para as tarifas”, insistiu Paulo Jorge André.
O presidente do Conselho de Administração da EDA foi ouvido pelos deputados a propósito de uma proposta de decreto regional, apresentada pelo Governo dos Açores, que pretende adaptar à região a legislação nacional sobre o funcionamento do sistema elétrico.
Segundo explicou, a reduzida dimensão do mercado açoriano também não justifica o aparecimento de empresas concorrentes com a EDA, que pretendam investir na área da produção de energia elétrica.
“Nós somos apenas, nos Açores, 130 mil clientes! É um bairro da cidade de Lisboa! Estamos a falar de um universo reduzido. Ter empresas a operar nestas condições, entendo, pessoalmente, que vai ter é mais custos e que também vão onerar o sistema”, insistiu o administrador da EDA.
Contudo, o deputado do PS Russel Sousa considerou que o problema pode ser outro e que estará relacionado com um eventual conflito de interesses entre os privados e as empresas do Grupo EDA, que não facilitam o surgimento de outros operadores.
“Não acha que, a nível de concorrência, os pequenos produtores independentes ficam um pouco prejudicados ou melindrados por vir a concurso contra a EDA Renováveis [a empresa do Grupo EDA que se dedica às energias renováveis], sabendo que o principal gestor é a própria EDA?”, questionou o parlamentar da bancada socialista.
Mas, o presidente da EDA entendeu que essa situação não se coloca e deu um exemplo: “não podemos falar em conflito de interesses e o exemplo disso é que já houve produtores que se instalaram na região e que estão a operar nas mesmas condições da EDA Renováveis”.
A audição de Paulo André surge na sequência de uma proposta de decreto regional, apresentada pelo Governo Regional de coligação (PSD/CDS-PP/PPM), que pretende adaptar à região legislação nacional sobre o funcionamento do sistema elétrico.
A EDA Renováveis, empresa detida pela EDA e pela SEGMA, tem 65 trabalhadores e é responsável pelo investimento em energias renováveis (eólica, geotérmica, fotovoltaica e hídrica), alguns dos quais inovadores, financiados por fundos comunitários, através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).