Açoriano Oriental
Vice-presidente do Governo dos Açores acusa Governo da República de abandonar trabalhadores da Base das Lajes

O vice-presidente do Governo Regional dos Açores acusou os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa de terem abandonado os trabalhadores portugueses da Base das Lajes com salários em atraso devido à paralisação da administração norte-americana.

Vice-presidente do Governo dos Açores acusa Governo da República de abandonar trabalhadores da Base das Lajes

Autor: Lusa


“O senhor ministro dos Negócios Estrangeiros, que nunca me respondeu à cartinha que lhe enviei, devia ter-se chegado à frente, o senhor ministro da Defesa a seguir. E, pura e simplesmente, abandonaram trabalhadores portugueses, que trabalham numa base importante para a manutenção da paz no mundo”, afirmou o vice-presidente do executivo açoriano, Artur Lima, numa conferência de imprensa em Angra do Heroísmo.

“São cidadãos portugueses numa situação social difícil e foram completamente abandonados à sua sorte pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e pelo Ministério da Defesa”, reforçou.

Os trabalhadores portugueses na Base das Lajes, na ilha Terceira, ao serviço da USFORAZORES, não receberam o vencimento da última quinzena, no dia 27 de outubro, e a anterior foi paga com um corte de quatro dias, devido à paralisação parcial da administração norte-americana, por não ter sido aprovado o orçamento federal dos Estados Unidos.

A situação foi denunciada pelos trabalhadores no dia 13 de outubro e o vice-presidente do Governo Regional enviou uma carta ao ministro dos Negócios Estrangeiros, no dia 15, apelando a que o Governo da República ativasse todos os canais diplomáticos disponíveis para assegurar o cumprimento das obrigações contratuais e salariais relativas aos trabalhadores portugueses civis na Base das Lajes.

Sindicato, trabalhadores e partidos políticos reivindicaram que o Governo da República adiantasse os montantes em atraso, à semelhança do que aconteceu em Espanha e Alemanha.

O Governo Regional dos Açores decidiu agora adiantar os salários em atraso, através do Instituto da Segurança Social dos Açores, que vai recorrer à banca, com o compromisso de que os encargos com a operação serão suportados pelo Governo da República.

Artur Lima, que é também líder do CDS-PP nos Açores, não poupou, no entanto, críticas ao ministro dos Negócios Estrangeiros, o social-democrata Paulo Rangel, e ao ministro da Defesa, Nuno Melo, que é líder do CDS-PP.

“Após o completo abandono por parte dos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, que nada disseram e fizeram sobre esta situação e que ignoraram por completo o que estava a acontecer neste território insular português, por insistência do Governo Regional, acabou por haver, ao mais alto nível, um entendimento entre o primeiro-ministro, o presidente do Governo Regional e um posterior contacto com o ministro das Finanças”, apontou.

Segundo Artur Lima, na reunião de Conselho de Ministros, que ocorreu na semana passada, com a participação dos presidentes dos governos regionais, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, comprometeu-se a assegurar o pagamento dos encargos com a banca, para que fossem adiantados os salários aos trabalhadores portugueses da Base das Lajes.

Para o vice-presidente do executivo açoriano “é condenável o abandono e a negligência" que os ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Defesa tiveram para com os açorianos.

“Eu acho que o Governo da República vai ter de se habituar que Portugal já não tem colónias. Os Açores são uma região autónoma que deve ser respeitada e considerada. Os Açores dão dimensão atlântica a Portugal, os Açores acrescentam valor a Portugal e à Europa”, vincou.

Artur Lima admitiu que o Governo Regional dos Açores possa ser acusado de se “sobrepor” ao Governo da República, mas disse que era preciso evitar que os trabalhadores da Base das Lajes passassem por “eventuais privações por não receberem atempadamente o seu ordenado”.

“Podemos ser acusados de nos sobrepormos ao Governo da República ou até que não deveríamos fazer nada, mas este Governo Regional nunca irá abandonar o seu povo”, sublinhou.


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