Açoriano Oriental
Três açorianos entre os 83 pedidos de compensação por abusos sexuais na Igreja

Grupo Vita, criado pela Conferência Episcopal Portuguesa para acompanhar casos de abuso sexual na Igreja Católica, recebeu 83 pedidos de compensação financeira. Três deles foram apresentados por açorianos que já não vivem na Região

Três açorianos entre os 83 pedidos de compensação por abusos sexuais na Igreja

Autor: Ana Carvalho Melo/Lusa

O grupo Vita, criado pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) para acompanhar as situações de abuso sexual na Igreja Católica, recebeu, no total, 83 pedidos de compensação financeira, dos quais três foram apresentados por açorianos. “Dos 83 pedidos que recebemos, três são das ilhas dos Açores”, revelou ao Açoriano Oriental a coordenadora do grupo Vita, Rute Agulhas.

Segundo Rute Agulhas, trata-se de pessoas que, apesar de serem naturais dos Açores, atualmente já não vivem na Região. “Foram três situações que fazem parte de um conjunto de 15 que nos chegaram mais recentemente, com o fim da compensação. Nenhuma destas pessoas vive no arquipélago, mas os factos reportam-se aos Açores, tendo duas pessoas sido ouvidas em Lisboa e a outra nos Açores”, descreve.

De acordo com a coordenadora do grupo Vita, Rute Agulhas, são diversas as motivações que levam as pessoas a pedir a compensação financeira. “Há pessoas que sentem esta compensação como um fechamento; outras entendem que a Igreja está a fazer o que deve, assumindo este gesto simbólico, que é a compensação; outras querem este dinheiro por ser uma ajuda financeira importante; enquanto algumas não querem o dinheiro para si, mas preferem doá-lo aos netos, aos bombeiros ou a entidades que trabalhem com crianças e jovens”, exemplifica.

Rute Agulhas realçou ainda que, apesar de o período para pedido de compensação financeira já ter terminado, as pessoas que foram alvo de abuso sexual na Igreja Católica podem, na mesma, contactar o grupo Vita para sinalizar a situação. O contacto pode ser realizado pelo telefone 915 090 000 ou através do site https://grupovita.pt.

“As pessoas ainda podem continuar a contactar-nos, quer seja com o objetivo de pedir uma compensação financeira, quer para obter apoio psicológico, psiquiátrico ou apenas partilhar a situação, para que seja conhecida pela Igreja”, apela.

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) e a Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) aprovaram, por unanimidade, a atribuição de compensações financeiras às vítimas de violência sexual, sejam crianças ou adultos vulneráveis, no contexto da Igreja Católica em Portugal, complementando dessa forma o trabalho de prevenção que tem vindo a ser desenvolvido, quer pelo grupo Vita, quer pelas Comissões Diocesanas e pelos Institutos Religiosos e Sociedades de Vida Apostólica.

Em paralelo, o grupo Vita “continua a desenvolver o seu trabalho, reforçando parcerias e canais de comunicação, numa lógica de trabalho em rede, contribuindo para a construção de conhecimento e também para a consolidação de boas práticas, promotoras de uma Igreja mais segura, acolhedora e humanista”.

Neste quadro, o grupo já promoveu “ações de formação e capacitação das diversas estruturas da Igreja”, tendo sido abrangidas mais de 3800 pessoas.

“Dois programas de prevenção primária da violência sexual estão em fase de conclusão e serão apresentados publicamente no dia 30 de setembro, em Lisboa: 1) Programa Girassol, destinado a crianças dos 6 aos 9 anos de idade; e 2) Lighthouse Game, um jogo digital para crianças dos 10 aos 14 anos de idade”, refere ainda o grupo.

Em paralelo, a estrutura da Igreja Católica está a organizar o congresso “Da Reflexão à Ação: O Papel da Igreja Católica na Prevenção e Resposta à Violência Sexual”, a realizar em Fátima, a 27 de novembro. 

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