Autor: Lusa/AO Online
“Que a questão é pertinente, é! Que faz todo o sentido, faz! Eu diria que isto é quase para ontem!”, realçou o presidente da AMRAA, Alexandre Gaudêncio, ouvido na Comissão de Assuntos Sociais do parlamento açoriano, reunida em Ponta Delgada.
O autarca social-democrata recordou que os setores da restauração e da construção civil se queixam, regularmente, da falta de mão de obra e que são necessárias medidas como aquelas que agora são propostas pelos deputados do PS, no sentido de facilitar a entrada a e integração desses imigrantes na região.
“Nós temos a restauração a gritar por pessoas, temos a construção civil a gritar por pessoas, e muitas vezes esses imigrantes vêm diretamente de outros países para cá, começam logo a trabalhar e não têm qualquer integração social na comunidade”, recordou Alexandre Gaudêncio, lembrando que muitos desses trabalhadores nem sequer falam português, situação que gera sempre “alguma barreira linguística” com a comunidade local.
Opinião idêntica tem o empresário Marcos Couto, que está a presidir à Direção da Câmara do Comércio e Indústria dos Açores, igualmente ouvido hoje pelos deputados à Assembleia Legislativa Regional, e que além da falta de mão de obra estrangeira, está também preocupado com a sua devida integração na sociedade açoriana.
“Quando contratamos fora da região, temos de ter sempre em atenção a questão da integração e essa é uma preocupação grande que a Câmara do Comércio tem tido ao longo dos últimos anos”, insistiu o representante dos empresários açorianos.
Marcos Couto destacou também o papel que os imigrantes que têm escolhido os Açores para trabalhar e para viver têm tido na dinamização da economia açoriana, que continua, ainda assim, carente de recursos humanos em vários setores de atividade.
“Os que têm vindo, têm sido essenciais para a evolução dos Açores e da sua economia, sendo que, obviamente precisamos de mais, tendo em conta aquilo que tem sido a evolução económica e empresarial da região nos últimos anos”, insistiu o representante da CCIA.
A deputada do PS ao parlamento açoriano Marlene Damião reconheceu a importância da mão de obra estrangeira na dinamização da economia açoriana, em setores estratégicos, como o turismo ou a construção civil, mas lembrou que é preciso fazer mais para que esses cidadãos estrangeiros se sintam bem integrados nos Açores.
“Os imigrantes têm de sentir que são bem integrados, que são bem-vindos nos concelhos onde residem e o objetivo é nós tentarmos, através dos poderes locais, integrá-los e fazer também a ponte com o tecido empresarial de cada concelho”, realçou a parlamentar socialista.
De acordo com os dados divulgados pela bancada do PS no parlamento açoriano, o número de imigrantes a viver e a trabalhar nos Açores aumentou cerca de 73% nos últimos dez anos e há agora cerca de 6.000 cidadãos estrangeiros a residir nas ilhas.
Os socialistas açorianos entendem que é necessário prestar assistência a esses imigrantes, nomeadamente, no âmbito da regularização da residência, autorizações de trabalho, segurança social, seguro de saúde e suporte à obtenção de alojamento, bem como garantir apoio à integração das respetivas famílias.
O PS defende igualmente, a criação de cursos de formação profissional intensivos, um reforço da carga horária dos cursos de Língua Portuguesa para imigrantes, mais apoio às entidades que contribuem para a integração social dos cidadãos imigrantes na sociedade açoriana e a criação de espaços físicos para atendimento aos imigrantes nas ilhas do Faial, Terceira, Pico e Santa Maria.