Açoriano Oriental
Projecto de reabilitação a “custo zero” no Porto avança no Verão
As obras da primeira casa do centro histórico reabilitada a custo zero no âmbito do projeto “Arrebita Porto” devem começar no Verão, adiantou à Lusa José Paixão, mentor da iniciativa que vai ajudar proprietários carenciados.

Autor: Lusa / AO online

“Esta ideia atua num lado negligenciado do problema da reabilitação dos centros históricos, que são os proprietários sem meios para recuperar as suas casas”, sublinha José Paixão.

O arquiteto formado em Londres garante ser possível uma recuperação ‘low cost’, nomeadamente se se substituir o pagamento em dinheiro pela troca de serviços.

Em 2012, a empreitada avançará apenas sob a forma de projeto piloto, numa casa da Câmara do Porto, “para comprovar a validade do projeto”, explica o arquiteto de 28 anos, formado em Londres.

Mostrar aos parceiros da recuperação que é possível reabilitar casas alheias deixando “todos” a ganhar é o objetivo desta primeira habitação, acrescenta.

De acordo com José Paixão, “reabilitar a custo zero” casas de “proprietários carenciados” é possível, criando “uma rede de parcerias” com “as faculdades de engenharia e arquitetura, empresas de materiais de construção e as forças vivas” cidade.

O projeto foi desenhado de forma a deixar para “segundo plano o uso do dinheiro na aquisição de valor”, sublinha o arquiteto, explicando que o investimento será feito com base “em trocas e contrapartidas de serviços”.

Apesar disso, “estão previstas fontes de rendimento para o projeto poder crescer e ser autossustentável”, nomeadamente através da colocação de painéis publicitários nos prédios a reabilitar e de uma “comissão de arrendamento nos edifícios reabilitados”.

Quanto o projeto-piloto terminar, os proprietários sem meios para reabilitar as suas casas no centro histórico do Porto podem candidatar-se ao “Arrebita Porto”.

A seleção dos proprietários carenciados “será feita avaliando a sua insuficiência de meios para proceder à reabilitação” e tendo em conta “a localização” dos edifícios.

“A nossa missão é combater o abandono de determinadas áreas do centro da cidade, onde a desertificação é maior e a taxa de frações devolutas é maior”, observa José Paixão.

O objetivo do jovem é que, depois, “o projeto cresça e seja replicado noutros pontos do país com o mesmo problema”.

O arquiteto fez parte da equipa de três pessoas que venceu a primeira edição do FAZ – Ideias de Origem Portuguesa.

Criada pelas fundações Gulbenkian e Talento, o galardão quis premiar com 50 mil euros portugueses residentes no estrangeiro a apresentarem ideias originais para resolver problemas crónicos nacionais.

Depois de vencer o prémio, José Paixão regressou a Portugal para se “dedicar completamente ao projeto”. Para já, trabalha-se na criação da tal rede de parcerias e tenta-se formalizar a iniciativa, algo que, diz, “está a levar mais tempo do que o previsto”.

A equipa inicial de três pessoas já cresceu para 12, das mais diversas áreas (arquitetura, engenharia, advocacia, comunicação).

A eles devem juntar-se, “na primavera”, os primeiros cinco estudantes internacionais que vão ajudar a levar o projeto para o terreno, com o “trabalho de preparação e conceção do projeto” de reabilitação do edifício piloto.

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