Açoriano Oriental
Educação e pobreza nos Açores precisam de “investimento acrescido”

O Conselho Económico e Social dos Açores (CESA) alertou, a propósito do Plano e Orçamento da região para 2026, que os problemas estruturais, como a educação e a pobreza, “necessitam de um investimento acrescido”

Educação e pobreza nos Açores precisam de “investimento acrescido”

Autor: Lusa/AO Online

Em declarações aos jornalistas após a votação por unanimidade do parecer do CESA às antepropostas de Plano e Orçamento para 2026, a líder daquele organismo representativo dos parceiros sociais alertou que a região tem uma das taxas de risco de pobreza “mais elevadas do país” e que a escolarização “ainda não atinge a população nos níveis desejados”.

“Esta dimensão dos fatores estruturais do nosso desenvolvimento, que ainda necessitam de investimento acrescido, é algo que nos preocupa do ponto vista do enquadramento deste Plano e Orçamento”, afirmou Piedade Lalanda, em Ponta Delgada.

Segundo o relatório “Pobreza e Exclusão Social 2025”, do Observatório Nacional de Luta Contra a Pobreza, divulgado na sexta-feira, os Açores permanecem como a região mais vulnerável do país, com 28,4% da população em risco de pobreza ou exclusão social.

Piedade Lalanda mostrou preocupação com o abandono escolar registado da região e defendeu, também, a necessidade de combater a falta de habitação, lembrando que só existe uma cooperativa de habitação ativa no arquipélago.

A presidente do CESA congratulou-se com a transferência extraordinária de 150 milhões de euros do Orçamento do Estado, mas adiantou que a região ainda vai precisar de contrair dívida.

“Isso não vai invalidar que a região sinta necessidade de se endividar em mais 75 milhões de euros como foi aqui afirmado pelo senhor secretário das Finanças”, disse.

A socióloga elogiou o aumento do Produto Interno Bruto e a redução da taxa de desemprego, mas discordou da redução das verbas previstas para a Agricultura e Pescas na anteproposta de Orçamento para o próximo ano.

“Preocupa pensar o futuro dos Açores quando nós desaceleramos ou desinvestimos em setores estruturais da nossa economia, como é a agricultura e as pescas, e apostamos muito mais no setor dos serviços na área do turismo”, defendeu, alertando que a economia regional está assente em “baixos salários”.

Já o presidente da comissão de Economia do CESA classificou os próximos Plano e Orçamento como os “mais ambiciosos de sempre da história”, devido ao investimento público e à necessidade de executar o Plano de Recuperação e Resiliência e o Programa Açores 2030.

Gualter Couto salientou que os documentos preveem um “investimento público na ordem dos 1.191 milhões de euros, mais 20% do que está previsto para o corrente ano”.

“Isso levanta preocupações quanto à exequibilidade e sustentabilidade financeira regional porque vai implicar, naturalmente, um planeamento rigoroso da parte do governo, uma gestão prudente na área da tesouraria e uma cooperação interinstitucional forte”, vincou.

O economista destacou que está previsto um défice de cerca dos 155 milhões de euros, “apesar do aumento das receitas e das transferências, quer do Estado português, quer da União Europeia”.

A anteproposta de Plano dos Açores para 2026 atinge os 990,9 milhões de euros, mais 172 milhões face a 2025, prevendo-se um crescimento de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) e um endividamento até 150 milhões de euros.

Os documentos vão ser discutidos e votados na Assembleia Regional em novembro.


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