É a nova presidente do Coral de São José. O que a levou a aceitar este desafio?

A minha ligação ao Coral de São José começou em 2013, de uma forma muito inesperada e espontânea. Sempre tive música na minha vida, desde cedo ingressei no conservatório (no Algarve) e cresci a ouvir boa música incentivada pelo meu pai. 

Num sábado de 2013, ao passear pelas ruas de Ponta Delgada, fui levada a entrar numa igreja, ao ouvir uma melodia lindíssima vinda do seu interior. Entrei, por impulso, e percebi que se tratava de um casamento. Ainda assim, deixei-me ficar e perguntei que coro impactante estava a cantar. Nesse mesmo dia fui para casa pesquisar e enviei um e-mail para o Coral de São José, foi-me marcada uma audição com o maestro e cá estou, desde então. Atualmente, o coral é uma parte fundamental da minha vida, sou professora de matemática de profissão, mas, para mim, estas duas áreas completam-se: a matemática dá-me método e estrutura, enquanto a música me dá emoção e equilíbrio. 

O Coral de São José, com todos os seus membros, é uma família, uma partilha e a música tem esta magia de nos juntar e transformar. Por tudo isto, quando me foi feito o convite para dirigir a direção do Coral de São José, não pude deixar de me sentir lisonjeada e com um enorme sentido de responsabilidade para continuar a elevar esta Associação Musical, que tão bem representa a resiliência e a cultura musical do povo açoriano. Eu e a equipa que me acompanha estamos muito empenhados!

Enquanto presidente da direção, quais os projetos que pretende realizar?

O Coral de São José possui três projetos artísticos que são presença assídua na sua programação anual: “Concerto de Primavera”, “Música no Colégio” e “Clássicos de Natal”, todos da sua autoria e que são marca registada. Estes são, portanto, os três pilares artísticos do Coral de São José que marcam a agenda cultural de Ponta Delgada e dos Açores, que sedimentam a nossa matriz artística, fazem-nos estar alinhados com a prática artística e cultural nacional e internacional e mantém-nos conectados com o nosso público.

Além desta vertente sinfónica, o Coral de São José mantém ativa a sua vertente litúrgica, assegurando o canto nas missas dominicais e solenidades na Igreja de São José.
No entanto, e no período deste mandato (2025-2027), teremos três ocasiões maiores que marcarão a nossa atuação: o projeto “Capital Portuguesa da Cultura – Ponta Delgada 2026”, também a celebração dos “50 anos da Autonomia dos Açores” e ainda o “60.º Aniversário do Coral de São José”, em 2027.

No âmbito da Capital Portuguesa da Cultura e da Autonomia dos Açores, desenvolveremos projetos artísticos enquadrados nessas temáticas, com destaque para a Música Portuguesa e em Português, destacando programas de índole litúrgica, atestando a nossa prática fundadora, e, naturalmente, vários programas concertísticos.

Para o nosso aniversário, em 2027, perspetivamos uma programação celebrativa.

É esta a nossa missão, responsabilidade e desafio: conceber e executar uma programação cultural digna, estruturada, cativante e superior, que promova a cultura nos Açores e o trabalho em rede com outros agentes culturais da Região, focando-nos numa programação que nos torne mais próximos do público e que também nos desafie enquanto agente artístico executante.

Quais os principais desafios do Coral? 

O Coral de São José tem, atualmente, cerca de cinquenta e cinco coralistas ativos. É um coro amador que conta com a dedicação inestimável de todos os seus membros e com o excelente trabalho do nosso maestro titular, Luís Filipe Carreiro, e da docente de Formação Musical, Mariana Leite. 

Semanalmente, além dos três ensaios de coro, é dada a oportunidade, aos coralistas, de frequentarem aulas de Formação Musical para, assim, melhorarem a sua performance. Como já referi, todos participam de forma amadora e com um enorme espírito de sacrifício, muitas vezes, abdicando de momentos com as suas próprias famílias, mas, a música é uma paixão para todos nós. 

Claro que, sendo uma associação sem fins lucrativos, é-nos, sempre, muito importante contar com os apoios públicos para a cultura. Infelizmente, nem sempre estes projetos são vistos com a importância e com dimensão que têm e os apoios atribuídos são insuficientes. Por esse motivo, somos uma Associação muito ativa e dinâmica, que, ao longo do ano vai realizando várias atividades de forma a conseguir garantir estes espetáculos, com orquestras e músicos de referência, que de outra forma o nosso público não teria acesso.

Qual o próximo projeto que será apresentado ao público?

O próximo concerto será o “Clássicos de Natal”, já no dia 7 de dezembro no Teatro Micaelense, pelas 17:00, um horário para toda a família, abrangendo avós, pais e filhos. Os bilhetes já estão disponíveis! Este repertório alusivo à época festiva, será apresentado pelo Coro Sinfónico do Coral de São José, a Lira Nossa Senhora da Estrela (Relva) e direção do maestro Hélio Soares. Podemos avançar, em primeira mão, que teremos connosco, no palco, uma soprano da nova geração de cantores portugueses, Patrícia Modesto.