Autor: Made in Açores
Embora a empresa mãe tenha origem no
país vizinho, a fábrica nascida há já quase uma década tem o bem
vincado sotaque da região onde se insere, naquela que é a maior
comunidade piscatória açoriana, segundo Paulo Machado, gerente da
Azorfisk.
“Mais de 70% dos funcionários da empresa pertencem a esta comunidade, o que faz com que o projeto seja muito relevante para a freguesia de Rabo de Peixe”, afirma.
A decisão de abrir a fábrica nos Açores dispensa grandes explicações já que, sublinha Paulo Machado, a região assume-se como um ponto de referência no setor das pescas. O trabalho que têm em mãos requer não só rigor na manutenção da qualidade como exige a assinatura de um compromisso maior, um contrato que é a base de todo o processo de atuação da fábrica.
“A nossa missão é prezar por uma atuação digna e íntegra, assumindo um compromisso com a sustentabilidade e corroborado com uma pesca justa”, afirma o gerente, que reconhece a importância de manter o equilíbrio e ir cada vez mais no sentido da gestão consciente dos recursos, algo que vê expresso em todas as etapas do processo, desde a sua pesca à forma como é apresentado ao consumidor final.
Desde que se instalou em Rabo de Peixe,
a fábrica tem continuado a crescer e, atualmente, foca-se sobretudo
na exportação, embora o mercado interno tenha também a sua
relevância.
“Entendemos que o mercado da saudade no continente americano e até mesmo no europeu tem um potencial enorme”, descreve Paulo Machado, sempre com os olhos postos na inovação e em novas formas de assumir uma posição diferenciadora no mercado.
Uma das maneiras de garantir essa diferenciação e ganhar a confiança do consumidor é, garante Paulo Machado, investir continuamente na qualidade. Ilustra essa aposta com a recente conquista do certificado IFS Food, reconhecido internacionalmente e “atribuído a empresas de processamento e embalagem de alimentos que garantem alta qualidade e segurança dos seus processos e produtos”, explica, acrescentando haver na fábrica processos em curso para se adaptar aos novos desafios, com projetos na área da digitalização e transformação digital.
“Estamos a estudar a ampliação da
unidade fabril para os próximos anos, criando mais emprego local na
comunidade onde estamos instalados”, revela Paulo Machado.
O compromisso social anda de mãos dadas com o ambiental, sempre presente na sua linha de ação. Analisa, por isso, as políticas adotadas nesse sentido e acompanha com atenção cada decisão, entre elas a de proteger 30% do mar dos Açores, tornando o Arquipélago no detentor da maior área marinha protegida do Atlântico Norte.
“Temos de proteger a nossa 'galinha dos ovos de ouro' e a criação de área protegidas poderá ser uma forma de o fazer. Certamente existirão outras, mas deixo esta parte aos especialistas”, afirma, revelando que irá manter-se atento ao processo. “Devemos compreender se essas áreas protegidas poderão vir mais tarde a ser libertas e proteger-se outras, criando-se um sistema rotativo, para se poder manter a produção sustentável das espécies piscatórias endógenas dos Açores. Caso tal não ocorra, será promovida a queda do setor piscatório nos Açores, com todas as consequências que possam advir daí”, defende. Na sua opinião, existe a necessidade de assumir uma abordagem em que a pesca intensiva seja substituída pelo que descreve como uma “pesca valorizada”, no sentido da aposta na venda em fresco de peixe selvagem, indo de encontro à procura do mercado.
No final de contas, por mais preparado que se esteja, Paulo Machado admite que lidar com o mar é um desafio constante, visto ser impossível prever o que a cada dia tem para dar. Há assim um respeito maior e uma vontade tamanha que transforma o desafio numa aventura e as incertezas em motivação. “O setor das pescas nos Açores é uma peça fundamental da economia e a Azorfisk ter oportunidade de poder fazer parte deste mercado, para nós é um privilégio”, declara.