Autor: Lusa/AO Online
“É urgente o aumento geral de todos os salários em, pelo menos, 150 euros ou 15%. […] Em paralelo, considerando o aumento da inflação e o diferencial do custo de vida entre os Açores e o continente, consideramos que já vem tarde, mas que deve vir em 2026, [que é] o aumento do acréscimo regional ao salário mínimo de 5% para 10% e o aumento da remuneração complementar para 100 euros”, afirmou o coordenador da CGTP-IN/Açores, Rui Teixeira, na conferência de imprensa de apresentação do caderno reivindicativo dos trabalhadores açorianos para o próximo ano.
O sindicalista, que falava na sede da União dos Sindicatos de São Miguel e Santa Maria, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, também defendeu a aplicação das 35 horas semanais “para todos os trabalhadores” da região.
“E porquê? Nós estamos a falar, nos últimos anos, de avanços tecnológicos que foram muito significativos. E estes avanços tecnológicos traduziram-se, em concreto, naquilo que é a vida diária das empresas e dos trabalhadores. A par disto, os últimos anos têm trazido também exigências crescentes sobre os trabalhadores, como se fosse apenas aos trabalhadores que coubesse resolver aquilo que são os problemas da economia. E não é”, justificou.
Assim, para a estrutura intersindical, “as 35 horas são uma medida de justiça, por aquilo que são os horários de trabalho cada vez mais longos, pelos avanços tecnológicos e, poderão conduzir a que na economia sejam introduzidos fatores que, de facto, contribuam para o aumento da produtividade”.
Segundo Rui Teixeira, haverá necessidade de o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) proceder a ajustes no Orçamento para o próximo ano para acolher as propostas, mas “há um conjunto de medidas que exigem financiamento" e "há outras que não exigem financiamento e que dependem de uma política estrutural”.
“A Inspeção Regional do Trabalho, por exemplo, tem meios próprios para implementar uma parte das respostas que nós colocamos”, disse.
O sindicalista salientou que o salário mínimo “não permite escapar à pobreza”, lembrando que “cerca de um em cada quatro açorianos encontra-se em risco de pobreza e um em cada 12 sofre de privação material e social severa”.
“Entre os trabalhadores, um em cada seis está em risco de pobreza. E isto é algo que deveria envergonhar quem nos governa”, disse.
Na apresentação do caderno reivindicativo dos trabalhadores açorianos para 2026, o coordenador da CGTP-IN na região também se referiu ao pacote laboral apresentado pelo Governo da República, defendendo “a sua retirada por completo”, porque “só vai agravar esta realidade”.
Considerou, ainda, que representa “um ataque gravíssimo aos trabalhadores, um ajuste de contas com a Revolução de Abril e com a Constituição, e este é um pacote que deve ser derrotado por completo”.
“Em vez de responder às dificuldades dos trabalhadores e de contribuir para o diálogo social, o que o Governo da República oferece são despedimentos sem justa causa, a instabilidade e a precariedade permanentes no emprego, maiores horários de trabalho, a destruição da contratação coletiva e o ataque aos direitos de parentalidade”, concluiu.