Autor: Lusa/AO Online
“Devemos conseguir pôr fim a esta dupla fratura: a fratura entre a situação política e a fratura com o que os nossos concidadãos legitimamente esperam na sua vida quotidiana”, disse Lecornu num breve discurso após a cerimónia de transição, num dia marcado por protestos sociais em várias cidades francesas.
Depois de elogiar a “extraordinária coragem” do seu antecessor, o centrista François Bayrou, destituído na segunda-feira pelo chumbo de uma moção de confiança parlamentar, Lecornu prometeu ser “mais criativo” e “mais sério na forma de trabalhar com a oposição”.
Além disso, o novo chefe de Governo, nomeado na noite de terça-feira pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, garantiu que receberá as forças políticas “nos próximos dias” e que “não há caminhos impossíveis”, apesar de a coligação governamental cessante ter perdido a maioria na Assembleia Nacional.
O anterior ministro da Defesa macronista e antigo membro do partido de centro-direita Os Republicanos (LR), de 39 anos, que fez parte de todas as equipas governamentais desde junho de 2017, prometeu ainda “romper com o passado” e “ser mais sério na forma de trabalhar com a oposição”.
“Esta tarde, reunir-me-ei com as principais forças políticas e, nos próximos dias, com as demais forças políticas e sindicais, e terei a oportunidade de me dirigir em breve ao povo francês”, concluiu no seu breve discurso, que contou também com a presença de alguns ministros do Governo cessante.
Já Bayrou, de saída do Matignon, assegurou que pretende “ajudar o Governo” que será formado pelo novo primeiro-ministro, neste “momento tão difícil”, “muito exigente e perigoso” para a França.
Para existir, o futuro Governo francês deverá obter pelo menos um voto de não censura do Partido Socialista, algo indispensável para adotar um orçamento para 2026, cuja preparação acabou de derrubar a equipa cessante, que tinha apresentado um plano de cortes de quase 44 mil milhões de euros.
Lecornu é o quarto primeiro-ministro que o Presidente francês, Emmanuel Macron, nomeia em apenas 12 meses, depois de Gabriel Attal (2024), Michel Barnier (2024) e Bayrou (2024-2025), assumindo as funções num dia marcado por protestos nacionais promovidos pelo movimento social “Bloqueiem Tudo!” e a nove dias de outro dia de greves e paralisações, organizado pelos sindicatos e apoiado pelos partidos de esquerda.
Mais de 200 pessoas foram detidas na França hoje em operações das forças da ordem para impedir os bloqueios registados, principalmente em autoestradas e infraestruturas de transporte, num dia em que estava previsto um bloqueio total convocado contra as medidas do Governo.