Açoriano Oriental
Ministro das Finanças admite que crescimento do PIB está abaixo da “ambição” do Governo

O ministro das Finanças reconheceu que o nível de crescimento da economia portuguesa está aquém da “ambição” do Governo, mas sublinhou que o desempenho é superior ao da zona euro no contexto de incerteza global

Ministro das Finanças admite que crescimento do PIB está abaixo da “ambição” do Governo

Autor: Lusa/AO Online

“O nosso crescimento tem sido de 2% ou superior a 2%, o que ainda está abaixo do objetivo, da ambição do Governo, mas continua a ser bastante superior à média da zona euro”, referiu no encerramento da conferência “Portugal’s position in a changing global order” (“A posição de Portugal numa ordem global em mudança”), realizada na Nova School of Business and Economics, em Carcavelos, Oeiras.

No encontro organizado pelo grupo do jornal britânico Financial Times, no qual discursou em inglês, Joaquim Miranda Sarmento ressalvou que “a economia portuguesa tem demonstrado uma enorme resiliência e capacidade de adaptação, especialmente desde a pandemia” e mostrou-se confiante de que conseguirá resistir aos choques externos.

O Produto Interno Bruto Português (PIB) cresceu 1,9% em 2024 e, nesse ano, ficou acima dos 1,8% projetados pelo executivo. No entanto, no primeiro semestre deste ano desacelerou, progredindo 1,7% em termos homólogos, e no segundo trimestre cresceu 1,9% face ao mesmo período do ano passado.

O desempenho nos primeiros seis meses está abaixo do objetivo anual do executivo, tendo em conta que a projeção anual de crescimento do PIB é de 2,1%, segundo o valor inscrito no Orçamento do Estado para 2025.

Na conferência, o ministro frisou que o emprego continua a crescer, que as exportações sofrem com o contexto internacional, mas que deverão continuar a aumentar.

Miranda Sarmento sublinhou que “uma economia pequena e aberta como a portuguesa está sujeita a todas essas ameaças” e que a primeira delas “são os choques geopolíticos”.

“A guerra na Ucrânia continua a gerar incerteza. Estamos todos preocupados com a escalada do conflito e com a impossibilidade de uma guerra grave. Em segundo lugar, estamos confrontados com tarifas e guerras comerciais”, referiu.

“Esperamos que esse capítulo esteja agora encerrado e que a incerteza tenha terminado, mas, apesar disso, os direitos aduaneiros vão prejudicar todos. Vão prejudicar os consumidores e a economia dos Estados Unidos (e já estamos a ver isso), mas também vão prejudicar as empresas exportadoras”, advertiu.

Apesar disso, o ministro acredita que “as exportações continuarão a crescer”, sem comprometer “o objetivo de atingirem mais de 50% do PIB nos próximos anos”.

Como sinal de confiança no desempenho da economia, referiu o facto de Portugal estar a captar investimento estrangeiro. “Conseguimos atrair uma fábrica da Lufthansa Technik, uma fábrica da Calb – fabricante chinês de baterias –, o novo veículo elétrico da Volkswagen e também um forte investimento em centros de dados, principalmente de empresas norte-americanas, mas também de empresas europeias”, elencou.

No mesmo contexto, referiu a circunstância de o Novo Banco estar a ser comprado pelo grupo francês BPCE, “o segundo maior banco francês, o quinto maior banco europeu”, o que diz ser “um sinal de uma incrível confiança no país por parte dos investidores e dos mercados”.

Em relação às contas públicas, prevê que a dívida baixe para 92% do PIB no final deste ano e que recue para 88% em 2026, ficando “abaixo da média da zona euro”.

As previsões mantêm-se alinhadas com as do Programa de Estabilidade apresentado ao parlamento em 15 de abril de 2024, no qual se previa uma redução do endividamento público para 91,4% em 2025 e para 87,2% em 2026.

O ministro reafirmou que o Governo espera atingir um excedente orçamental de 0,3 do PIB este ano e de 0,1% em 2026.

Miranda Sarmento lembrou ainda a intenção de avançar com uma simplificação do sistema fiscal, “para resolver a litigância”, e com a redução do IRS e do IRC.

No final da conferência, já no exterior, o ministro saiu sem querer falar aos jornalistas, dizendo: “Falamos em breve”.


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