Autor: Economia
"Temos a situação controlada. A Continental é uma empresa relativamente conservadora nas suas decisões e com uma estratégia sólida", afirmou António Lopes Seabra em declarações à agência Lusa.
Apesar de "naturalmente apreensivo" com "as condições gerais em que o mercado está", o presidente da Continental Mabor desvalorizou os eventuais efeitos da situação difícil do grupo alemão Schaeffler, que no ano passado passou a controlar a rival Continental AG após uma oferta pública de aquisição (OPA) hostil bem sucedida, na fábrica portuguesa de pneus.
"O grupo Schaeffler reconheceu no fim-de-semana, em comunicado, estar com algumas dificuldades financeiras e à procura de parceiros de negócio", admitiu Lopes Seabra, salientando que o lançamento da OPA implicou um elevado endividamento por parte do grupo.
Contudo, disse, a eventualidade de a Schaeffler vir a vender parte da Continental AG para se financiar é uma "estratégia da própria empresa" e, "para já, não passa de conjectura e especulação" que não têm afectado a fábrica portuguesa, que emprega 1.500 trabalhadores.
"A divisão de borracha da Continental, em que os pneus são uma parte importante, é uma área muito sólida e com tecnologia bem implantada no mercado e, em Lousado, temos uma posição primordial e somos considerados uma das melhores fábricas de pneus da Europa", sustentou.
Na unidade de Famalicão, o presidente da Continental Mabor garante não haver perspectivas de despedimentos nem de suspensão da actividade, apesar de o nível de produção estar, actualmente, "10 a 15 por cento" abaixo de 2007.
"Tivemos que ajustar a nossa produção às condições de mercado", afirmou Lopes Seabra, referindo a quebra registada nas vendas de pneus para a indústria automóvel.
Ainda assim, destacou, o impacto das quebras desta indústria nas vendas da Continental Mabor é muito inferior ao sentido pelos fabricantes de componentes automóveis, já que "mais de 60 por cento do negócio de pneus é mercado de substituição directa para o cliente".
Segundo o responsável, o abrandamento das vendas irá, contudo, dispensar a chamada de trabalhadores em horário extraordinário para laborar nos feriados e contratação de "equipas especiais" para trabalhar durante as férias dos funcionários.
"Se o mercado estivesse numa situação normal iríamos fazê-lo, mas como está em baixa não o faremos", disse, acrescentando que tal deverá ser "suficiente para ajustar a produção".