Autor: Lusa/AO Online
“Vão-se retirar verbas de vários setores para a Defesa e penso que se está a cometer um erro gravíssimo. Desinvestimento na agricultura é desinvestir na Defesa. Políticos que não sabem que a melhor Defesa que qualquer país pode ter é a sua alimentação, não servem. Não merecem o cargo que ocupam”, afirmou Jorge Rita, na cerimónia comemorativa dos 50 anos da Associação Agrícola de São Miguel, realizada em Rabo de Peixe, no concelho da Ribeira Grande, em São Miguel.
Para Jorge Rita, que preside há 23 anos à associação, trata-se de um desafio para todos os governantes, num momento em que, “também a Europa está baralhada e a ficar completamente isolada no meio de tudo”.
Referindo-se à resiliência do setor durante a pandemia de covid-19, Jorge Rita sublinhou que “quando tudo parou” a “agricultura continuou a trabalhar, a produzir, a exportar, a valorizar e a alimentar”.
“A agricultura é um setor de atividade que está sempre pronto a ajudar a economia da região”, reforçou o dirigente associativo.
Durante o seu discurso, Jorge Rita destacou também os momentos marcantes da organização, os seus fundadores, dirigentes associativos e funcionários.
“A minha grande homenagem vai também para os agricultores, os grandes resilientes”, vincou.
Presente na cerimónia, o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Álvaro Moura, alertou para o contexto internacional de "instabilidade".
“Nunca se viu uma instabilidade parecida à situação atual. Há um desafio enorme no próximo ano e meio para discutir o que será o próximo orçamento da União Europeia e o que será o apoio à nova Política Agrícola Comum”, disse Álvaro Moura, apelando à união entre estruturas associativas e às autoridades políticas para a defesa dos agricultores.
O presidente da CAP deixou também um apelo ao presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, no sentido de "uma articulação muito forte com o Governo da República" para evitar cortes no POSEI, mas sobretudo para garantir a manutenção das regras.
"Temos de conseguir preservar as regras que existem hoje, sob pena de o dinheiro depois se escapar por buracos que ninguém faz ideia", sublinhou Álvaro Moura.
O presidente da CAP sustentou também que "os agricultores não querem tomar as decisões políticas", porque "isso compete aos governantes eleitos".
"O que queremos é ser ouvidos previamente", reiterou o dirigente da CAP, que disse ser "um enorme honra" para a Confederação ter como uma das suas associadas a Associação Agrícola de São Miguel.