Autor: Lusa/AO Online
"Não aceitaremos remendos. Não aceitaremos soluções minimalistas. Exigimos justiça para quem assegura a justiça", afirmou Regina Soares, ao discursar na cerimónia de tomada de posse dos órgãos sociais do SFJ para os próximos quatro anos, no auditório do Museu do Vinho Bairrada, em Anadia.
O Governo e o SFJ chegaram, em fevereiro, a acordo para a revisão do Estatuto dos Oficiais de Justiça, prosseguindo as negociações sobre diversas matérias.
Sublinhando que os funcionários judiciais praticam "atos imperativos com força executória conferida por lei" e não "meros atos administrativos", a presidente do SFJ apelou ao Governo que tenha "visão estratégica" e reforce o papel dos oficiais de justiça "como agentes essenciais do sistema judicial democrático".
Regina Soares alertou ainda para "o sofrimento ético dos oficiais de justiça", originado pela "sobrecarga real de trabalho, a pressão diária para cumprir prazos irrealistas, a escassez crónica de meios, e a dolorosa consciência de que, por vezes, o próprio sistema acaba por produzir mais injustiça do que justiça".
A dirigente sindical pediu, por isso, a implementação de "políticas sérias de saúde mental" e "cargas de trabalho humanamente possíveis".
Regina Soares é funcionária judicial há 30 anos e foi, em 03 de julho, a primeira mulher a ser eleita presidente do SFJ, o mais representativo dos funcionários judiciais.
Sucede a António Marçal, cuja direção Regina Soares integrou como secretária executiva da região de Lisboa.
"Cinquenta e um anos depois do 25 de Abril, uma mulher chega, pela primeira vez, à presidência do nosso sindicato. Esta não é apenas uma conquista individual, é a expressão viva das transformações sociais e democráticas que construímos juntos, e das quais o movimento sindical é um pilar fundamental", salientou hoje Regina Soares.