Autor: Maria Andrade
A estação televisiva japonesa NHK World produziu um documentário de 49 minutos sobre Angra do Heroísmo, destacando a cidade açoriana tal como ela é. Classificada como Património Mundial pela UNESCO desde 1983, Angra foi escolhida como uma das 25 cidades de destaque mundial para integrar a série documental “Somewhere Street”.
O jornalista Víctor Alves participou ativamente na preparação do roteiro e na discussão do mesmo. “A minha participação não passou da abordagem ao roteiro, uma primeira conversa, explicar a cidade e fazer um apanhado daquilo que eles podiam filmar. Aquilo foi uma coisa feita tipo ‘flash’, uma câmara às costas, numa volta só, subir e descer a cidade e apanhar o que na realidade ali existe naquela altura”, afirmou ao Açoriano Oriental.
Meses antes das filmagens, realizadas no verão de 2024, a equipa de produção esteve cerca de uma semana na Ilha Terceira a preparar todos os detalhes. Segundo Víctor Alves, o objetivo era claro: mostrar uma cidade genuína, contada pelas suas próprias gentes. “Queriam fazer uma coisa genuína. Que fossem as pessoas a contar a cidade e as vivências da cidade. Foram isso que eles fizeram”, explicou.
Neste sentido, o documentário percorre diversos momentos e lugares emblemáticos de Angra, incluindo imagens deambulatórias pela cidade, a tradicional tourada à corda, festas de freguesia, a visita ao Algar do Carvão, entre outros elementos típicos da vivência angrense. A gastronomia também recebeu destaque.
Víctor Alves acredita que os japoneses descobriram que Angra possuía algo de autêntico, capaz de despertar o interesse do telespectador. “Eles nunca falam em turismo, mas está subjacente a ideia de que a série é um chamariz para os japoneses que viajam muito”, admitiu.
O mercado turístico japonês é considerado um dos maiores do mundo, com viajantes dispostos a conhecer diferentes destinos em qualquer altura do ano. O documentário, no entanto, não faz referência às estações, preferindo mostrar “a cidade, o que ela tem por dentro e como as pessoas podem divertir-se e passear”, explicou Alves.
Segundo o jornalista, a centralidade de Angra no meio do Atlântico foi um dos fatores decisivos para a escolha: “A série que estreou agora tem 25 cidades das melhores do mundo e chamou-lhes à atenção a centralidade da cidade no meio do Atlântico, a história e possibilidade de uma viagem curta entre os Açores e a Europa, e uma viagem curta entre os Açores e a América, o que quer dizer que transpondo para a Ásia também se torna curta”, disse.
“Ficaram muito encantados com os argumentos que fizeram da cidade Património Mundial”, acrescentou.
O documentário está disponível para visualização em www3.nhk.or.jp.