Autor: Lusa/AO Online
“Esta exposição de longa duração, ‘Ilha do Corvo Marcas de um Passado’, é uma reserva visitável e constitui as bases da Casa da Memória, um novo espaço dedicado à preservação da história corvina, com a colaboração ativa da comunidade local”, disse a diretora do Ecomuseu do Corvo, Deolinda Estêvão, em declarações à agência Lusa.
Segundo esta responsável, a exposição reúne objetos ligados a atividades como a agricultura, carpintaria, tecelagem e o quotidiano dos corvinos e representa as bases da Casa da Memória, projeto " muito ambicioso", cuja reabilitação do imóvel já conta com um projeto arquitetónico da Direção Regional da Cultura.
“Ainda estamos a trabalhar na reabilitação do edifício, mas esta exposição já é um primeiro passo, porque através dessa mostra pretendemos dar a conhecer a forma como os corvinos viviam até meados do século XX. Através de cada peça contamos a história desta comunidade resiliente da ilha do Corvo”, sublinhou a diretora do Ecomuseu.
O espaço, que já está aberto há cerca de um ano, vai acolher agora esta exposição, que antecipa a futura Casa da Memória, cujo imóvel em pedra, localizado no núcleo antigo do Corvo, será reabilitado e vai albergar uma réplica de uma cozinha antiga, uma sala, dois quartos e zona dedicada a exposições temporárias.
“Queremos que seja uma memória viva”, destacou Deolinda Estêvão.
Quanto à exposição a inaugurar no sábado, constitui uma viagem no tempo.
Entre os objetos em exibição, destaca-se um tear típico da ilha, cedido provisoriamente por um membro da comunidade, tecidos com mais de cem anos, elaborados no tear, uma roda de fiar, ferramentas de carpintaria, tesouras de tosquia, além de objetos e instrumentos do quotidiano doméstico, assim como a típica barreta do Corvo e a fechadura tradicional da ilha.
A mostra conta também com selas de burros, arados e uma mesinha de cabeceira.
Deolinda Estêvão explicou que todas as peças que integram a exposição na Casa da Memória foram recolhidas pelo Ecomuseu com a colaboração da comunidade e são "objetos essencialmente em madeira e em metal que têm sido preservados com o apoio de técnicos da Direção Regional da Cultura".
A inauguração da exposição será marcada pelo lançamento de um catálogo da mostra, que será oferecido aos presentes, incluindo uma cópia para cada família residente na ilha do Corvo.
A anteceder a inauguração da exposição será feita uma homenagem a José Leite de Vasconcelos, com a inauguração de uma placa, no Largo do Outeiro, evocativa desta “figura maior dos estudos da língua, da arqueologia e das tradições populares em Portugal, considerado o pai da etnografia e da arqueologia científica no país”.
Ainda no sábado, será apresentado o livro “Arqueologia no Corvo: Um percurso com a Comunidade”, com a presença dos autores José Luís Neto e Pedro Parreira, seguida de convívio cultural.
Durante a 5.ª Campanha do Património do Corvo, que decorrerá até 25 de setembro, a comunidade poderá participar em diversas atividades relacionadas com a preservação do património local.
Uma das ações será um workshop sobre Conservação e Intervenção Preventiva do Património Móvel, orientado pelo técnico Paulo da Silveira, em regime de porta aberta, e serão realizadas ações de recolha de património material e imaterial.
"O que queremos aqui no Corvo é um património que seja vivido com a comunidade e esta campanha mostra que a mais pequena ilha dos Açores tem uma história grande e única para partilhar", reforçou à Lusa a diretora do Ecomuseu.