Açoriano Oriental
Paulo Portas defende que "relação atlântica" dá influência internacional a Portugal

O antigo vice-primeiro ministro Paulo Portas defendeu que é a “relação atlântica” que dá influência internacional a Portugal e evidenciou que "a história e a geografia" não se alteraram, comentando a relação com os Estados Unidos

Paulo Portas defende que "relação atlântica" dá influência internacional a Portugal

Autor: Lusa/AO Online

“É a relação atlântica e a nossa capacidade de gerar na América Latina, em África e na Ásia relações muito especiais ligadas à nossa língua e à nossa presença histórica que nos dá mais ‘soft power’ na Europa. Sem a categorização dessas relações éramos apenas o PIB [Produto Interno Bruto], a população e a dívida”, afirmou.

O antigo vice-primeiro ministro (2013-2015), ministro dos Negócios Estrangeiros (2011-2015) e da Defesa Nacional (2002-2005), falava na Conferência Internacional das Lajes, na Praia da Vitória, na ilha Terceira, promovida pela Fundação Luso-Americana Para o Desenvolvimento (FLAD).

Paulo Portas considerou o “mar” como o “elo de ligação do conceito estratégico” de Portugal e recordou a importância histórica da Base das Lajes, na ilha Terceira.

“Não defendendo uma dicotomia antagónica entre mar e continente, entre atlantismo e europeísmo - pelo contrário. Vejo uma capacidade de aumentar a nossa influência nos fóruns e organizações em que participámos”, vincou.

O antigo líder do CDS-PP disse estar “convencido” de que Portugal foi membro fundador da NATO devido ao “privilégio das Lajes” e destacou a relevância geoestratégica dos Açores no atual contexto internacional.

“Os Açores não se esgotam nas Lajes do ponto vista da valorização da sua posição estratégica. Acho que o que vem aí em matéria espacial é muito interessante porque é um projeto que interessa à Europa e não é um irritante na relação com os Estados Unidos”.

Sobre as relações entre Portugal e os Estados Unidos, Paulo Portas afirmou que as “relações são entre Estados e não entre personalidades”, sinalizando que as “pessoas passam, mas os interesses ficam”.

“Quando tudo muda à nossa volta, e muitas coisas estão a mudar ao mesmo tempo, há duas coisas que não mudam. Uma porque já aconteceu, a outra porque é difícil de remover. Não muda a história, não muda a geografia. E a história e geografia são pilares essenciais da relação entre Portugal e os Estados Unidos e da relevância dos Açores nessa relação”, reforçou.

Na conferência, a nova cônsul dos Estados Unidos em Ponta Delgada salientou a “amizade açor-americana” e a “ligação diária” entre o arquipélago e os EUA, lembrando que militares portugueses e norte-americanos “trabalham lado a lado” na Base das Lajes.

“Estou particularmente entusiasmada com o que o centro espacial em Santa Maria pode trazer para futuras colaborações. São apenas de algumas oportunidades futuras que podemos explorar juntos”, afirmou Rita Rico, que iniciou funções há um mês.

Já o republicano Jack Martins, senador estadual do estado de Nova Iorque, considerou existir espaço para aprofundar as relações entre os dois países.

“Haverá oportunidades de juntar os dois países cada vez mais. É esse o desafio. Não vejo que haja grandes ameaças”, afirmou o lusodescendente.

Antes, o presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, defendeu o “aperfeiçoamento” do Acordo de Cooperação e Defesa entre Portugal e os Estados Unidos e alertou o Estado que é “impossível criar condições” de segurança sem respeitar a região.

A conferência decorre esta quinta-feira e sexta-feira com o tema “Açores, do Oceano ao Espaço”, integrada nos 40 anos da FLAD.

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