Autor: Paulo Faustino
Dois jovens de São Miguel criaram uma rede social educativa que permite a interação entre alunos e professores, com base num sistema virtual de publicações em que todos os utilizadores podem ajudar-se uns aos outros.
A rede chama-se “Grades” (palavra inglesa que significa notas em português) e será lançada em abril, tendo sido criada por João Rui Rego e Afonso Resendes, dois estudantes de 17 anos que frequentam o 12º ano de escolaridade e que ontem já deram a conhecer o projeto à secretária regional da Educação, Sofia Ribeiro.
O seu objetivo é apoiar todos os alunos entre o 7º e 12º ano de escolaridade através do sistema de publicações públicas ou de conversa particular (chat) que criaram, contemplando a possibilidade de atribuir troféus para quem realizar determinadas tarefas ou objetivos - como por exemplo ajudar um certo número de utilizadores numa semana.
A plataforma dá também a opção de se ser um ‘Teacher’ (professor) em que qualquer pessoa, com mais de 14 anos, pode assumir esse papel e ganhar dinheiro com os seus ‘estudantes’, neste caso dando explicações online ou criando os seus cursos de modo virtual.
“Qualquer licenciado numa área que nos envie a prova de que é, de facto, licenciado, recebe automaticamente um ‘Certificado de Credibilidade’ para que todos os usuários que virem o seu perfil possam saber que se trata de um professor com estudos na área que escolheu ajudar e ensinar”, informa o site (https://ppl.pt/grades) do ‘Grades’.
Na prática, a nova rede social, cujo conceito ganhou força a partir de dezembro de 2020 com o ensino à distância, permitirá dar explicações aos alunos e que estes esclareçam dúvidas, destacando-se como um benefício coletivo que irá responder especialmente às necessidades de pais e encarregados de educação com menores recursos financeiros.
“O ‘Grades’ é uma rede social gratuita e inovadora que se fundamenta num sistema de publicações (em que todos os utilizadores se auxiliam uns aos outros), amigos, seguidores e sistema de conversas”, assinalam os seus criadores em declarações ao Açoriano Oriental.
João Rui Rego e Afonso Resendes acreditam que esta rede social mudará para melhor a educação, de tal maneira que pretendem expandi-la não só na Região, mas também a nível nacional e internacional, “uma vez que acreditamos na sua grande potencialidade e virtualidades no sentido em que pode ajudar milhares de estudantes nas suas dúvidas sem qualquer custo”.
Para já, no espaço de duas semanas em que o conceito da plataforma ficou público, a adesão superou as expectativas. “Teve uma adesão muito para além das nossas expectativas nas redes sociais e na comunicação social, por isso acreditamos genuinamente que podemos expandir o conhecimento e a utilização do ‘Grades’ a um número bastante elevado de alunos, professores e educadores”, realçam.
Os dois jovens têm despesas pela frente com o projeto, uma vez que, para lançá-lo, precisam “de comprar servidores ou Plano B” e alojar o site online, o que custará algumas centenas de euros. Daí estar a decorrer uma campanha que pretende angariar um mínimo de 1600 euros até 19 de março.
“Num primeiro instante não receberemos dinheiro com a rede, contudo, eventualmente iremos ou pôr poucas publicidades de forma a não estragar a experiência do utilizador, ou ficar com uma pequena porção do que os ‘Teachers’ recebem. Ademais, teremos um serviço de promoção de perfis de ‘Teachers’ no qual receberemos 2.99€ a cada promoção”, explicam no site.
João Rui Rego e Afonso Resendes realizaram um inquérito a alunos da sua escola - a Secundária Domingos Rebelo - que permitiu aferir que “cerca de 85% dos estudantes consentiu que preferia que os seus colegas os ensinassem e mais de 80% adorou a ideia da rede social”.