Autor: Lusa
A curta-metragem “Domingo a Domingo: As mulheres do Espírito Santo da Calheta” tem 12 minutos de duração e destaca “o trabalho invisível e fundamental das mulheres que, ano após ano, asseguram a continuidade das celebrações do Divino Espírito Santo”, uma das tradições mais emblemáticas dos Açores, desde a preparação das tradicionais sopas até à organização das coroações.
O filme integra o projeto “A Costela de Lilith”, uma iniciativa artística que celebra a identidade feminina e autoestima através do teatro e da comunidade.
Este documentário "é um registo cultural e histórico que homenageia e eterniza o papel essencial das mulheres nas celebrações do Espírito Santo no concelho da Calheta", segundo o projeto “A Costela de Lilith” e a associação cultural 9’Circos, focada na promoção e desenvolvimento das artes circenses e do teatro.
O documentário foi realizado por Liliana Janeiro, editado por Kukka Harvilahti e foi produzido com o apoio do Governo dos Açores, das direções regionais das Comunidades e da Juventude, e da Câmara Municipal da Calheta, na ilha de São Jorge.
A produção executiva esteve a cargo de Sandra Silva, Joana Silva e Janete Chaves.
A organização adianta, em nota de imprensa, que a produção do filme envolveu "um trabalho intenso" de recolha de testemunhos durante os dez dias das festividades, revelando "a profundidade e a dedicação das mulheres da Calheta ao longo de gerações".
O filme dá voz também à perspetiva de mulheres migrantes, que "reinterpretam o Espírito Santo a partir das suas vivências, unindo diferentes geografias e experiências femininas em torno da espiritualidade e da pertença".
A organização sublinha que o documentário retrata "o trabalho essencial das Mordomas e a origem histórica da tradição".
“É um gesto de reconhecimento e eternização da força feminina que sustenta uma das tradições mais emblemáticas dos Açores, uma tradição enraizada na história de Portugal e perpetuada, geração após geração, pelas mãos das mordomas da Calheta", salienta.
A curta metragem será exibida gratuitamente em oito localidades da Calheta, já a partir de domingo, e até 09 de novembro.
“Foi inspirador ver o labor das mulheres. Só posso pensar que a força vem da ação e, esta da dedicação em torno de uma celebração”, afirma a realizadora Liliana Janeiro, que se "inspirou na figura da Rainha Santa Isabel, introdutora do culto ao Divino Espírito Santo em Portugal no século XIV".
Também citada na nota de imprensa, Janete Chaves, uma das produtoras executivas, e também intérprete, descreve a experiência como “extremamente reveladora e emocionante” e, embora natural da ilha, confessa ter descoberto “todo um emaranhado, bem organizado, de lides relacionadas com o produto final que são as saborosas e igualáveis sopas do Espírito Santo de São Jorge", servidas a centenas de pessoas.
Também da produção executiva, Sandra Silva destaca o orgulho "ao ver as mulheres assumirem papéis centrais nas festividades", realçando que o concelho da Calheta se destaca por ter “um imenso sentido de irmandade".
A diretora de fotografia Kukka Harvilahti, da Finlândia, refere ter ficado "impressionada com a força da comunidade e a resiliência das mulheres", que "dedicaram tempo das suas vidas agitadas, dormindo apenas algumas horas por noite, e ainda assim, encontraram tempo e carinho para mostrar o que estavam a fazer".
"Este documentário é um registo cultural e histórico que homenageia e eterniza o papel essencial das mulheres nas celebrações do Espírito Santo no concelho da Calheta — desde a cozinha à coordenação e preservação das tradições", salienta ainda a organização.