Autor: Filipe Torres
Nos Açores, a fruta está a ganhar protagonismo nas lancheiras e nas conversas das crianças. Através do programa “Heróis da Fruta – Lanche Escolar Saudável”, promovido pela Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil (APCOI), várias escolas e instituições da região têm testemunhado uma verdadeira mudança nos hábitos alimentares dos mais novos.
Mais do que um desafio escolar, o projeto, que este ano letivo celebra a 15.ª edição, tornou-se parte do quotidiano de centenas de crianças açorianas.
Na EB1/JI de Milagres, nos Arrifes, a educadora Ana Paula Cardoso Fresta recorda o primeiro contacto com o programa, em 2022/2023. “Nas lancheiras, víamos muitos alimentos processados e pouco frescos. A ideia era inverter essa tendência”, explica ao Açoriano Oriental. O projeto rapidamente ganhou vida e espaço no dia a dia escolar.
“Começámos a dinamizar o Momento da Fruta todos os dias. As crianças comiam com tanto entusiasmo que um estagiário chegou a dizer que parecia o Momento do Chocolate. Essa frase ficou na memória porque simboliza a mudança: as crianças passaram a associar prazer à fruta”, partilha a educadora com um sorriso.
Hoje, o grupo mantém o hábito ao longo de todo o ano letivo. “Apesar de o desafio durar cinco semanas, nós damos-lhe continuidade até junho. Notamos que as crianças pedem mais fruta, experimentam novos sabores e até influenciam os pais a fazer o mesmo”, acrescenta.
Ana Paula considera que o impacto vai além da alimentação. “O programa promove responsabilidade, autonomia e cidadania. As crianças aprendem a cuidar de si e do planeta -e levam esses valores para casa".
Na Lagoa, o Centro de Atividades de Tempos Livres “O BORBAS” implementou o projeto em 2020. Desde então, a coordenadora Carolina Pacheco testemunhou uma evolução visível. “Antes do programa, havia crianças que simplesmente não comiam fruta. Hoje, todos os participantes ingerem uma a três porções de fruta ou vegetais por dia. É uma mudança enorme”, refere ao jornal.
O entusiasmo, conta, ultrapassa os muros do ATL: “As famílias começaram a participar mais. Muitas vezes, são as próprias crianças que pedem aos pais para comprar fruta diferente ou para provarem novos alimentos. Quando isso acontece, sentimos que a missão está cumprida".
Para Carolina Pacheco, o segredo está na ligação entre escola, famílias e comunidade. “O projeto resulta quando todos se envolvem. Seria interessante criar desafios mensais entre famílias, como receitas saudáveis partilhadas numa plataforma online. Isso reforçaria ainda mais a motivação".
Na EBI da Praia da Vitória, na ilha Terceira, a educadora Alice Balbino participa há quatro anos no programa e sublinha o entusiasmo das crianças: “Elas vestem a ‘capa’ de heróis com orgulho. Percebem que comer fruta é uma escolha poderosa, que faz bem e dá energia".
O impacto é enorme. “Vemos alunos a pedir fruta nos lanches e a falar de nutrição com naturalidade. Alguns até explicam aos colegas mais novos porque é importante comer saudável. É uma mudança de mentalidade que começa cedo e tem efeitos duradouros”, explica ao AO.
Para manter o entusiasmo, Alice propôs a criação de um ‘Dia da Fruta’ mensal, em que cada criança apresenta uma fruta diferente e partilha curiosidades sobre ela. “É uma forma divertida de explorar sabores e culturas, e de celebrar a diversidade alimentar”, afirma.
As três educadoras concordam que o programa “Heróis da Fruta” tem um grande impacto nos mais jovens.
 
                     
             
                                                 
                                                 
                                                