Autor: Lusa/AO Online
Em declarações à Lusa no final de uma audiência com o Presidente da Assembleia da República, o presidente da associação, José Arruda, afirmou que Jaime Gama “manifestou compreensão pelas reivindicações” dos ex-combatentes e lembrou o papel que o também ex-ministro da Defesa sempre teve nestas matérias.
“Como é sabido foi ele [Jaime Gama] que numa visita à Associação de Deficientes das Forças Armadas a 14 de Maio de 2007 nos considerou a excepção da excepção e abriu uma porta muito importante para a nossa luta”, referiu José Arruda.
“A comparticipação [dos medicamentos] só abrange os homens da guerra colonial com ferimentos causados directamente [pelo conflito] e nós queremos que esta seja para todos os que estiveram na guerra”, defendeu o militar.
José Arruda lembrou que a “esmagadora maioria” dos ex-combatentes recebe “pensões muito baixas, quase todas à volta dos 200 euros” e os seus medicamentos “não têm qualquer comparticipação”.
“Já pedimos uma audiência à comissão de Defesa e aguardamos resposta, a própria comissão aprovou um relatório em que diz que a comparticipação deve ser para todos”, salientou.
“Esperamos que a ajuda na compra de medicamentos seja estendida a todos, é uma questão de inteira justiça, temos consciência da situação actual do país mas isto não representa quase nada”, concluiu José Arruda.
No final de Janeiro, a maioria PS viabilizou um projecto-lei do CDS-PP que prevê a comparticipação das despesas dos deficientes com todos os medicamentos.
O diploma, apresentado pela terceira vez na presente legislatura pelos democratas-cristãos, mereceu os votos favoráveis da oposição e a abstenção do PS que assim viabilizou o projecto de lei.
O diploma repõe a comparticipação do Estado a todos os medicamentos, visto que o Estado só comparticipava os medicamentos necessários a tratamentos resultantes directamente da deficiência.
Em Dezembro do ano passado, o Presidente da República, Cavaco Silva, considerou que, apesar "dos tempos difíceis que se vivem em Portugal", importa assegurar a continuação do apoio aos deficientes das Forças Armadas através de uma acção concertada dos departamentos do Estado.
"São difíceis os tempos que se vivem em Portugal. Importa, contudo, assegurar o adequado apoio que os deficientes das Forças Armadas reconhecidamente merecem e impedir a degradação da sua condição social", afirmou Cavaco Silva numa visita à Associação de Deficientes das Forças Armadas.
"Estou certo que o senhor secretário de Estado aqui presente escutou atentamente o apelo que aqui lhe foi feito", acrescentou o chefe de Estado, que falava depois de duas intervenções de responsáveis da ADFA, que apelaram ao Governo para que rapidamente resolva questões como o apoio médico e medicamentoso.
"Um país sem memória é um país que não é digno da sua história nem merecedor do seu futuro", acrescentou o chefe de Estado.