Autor: Lusa/AO Online
“Estas medidas constituem uma escalada extremamente perigosa, com sérias implicações para a paz e a segurança na região das Caraíbas”, denunciaram os relatores especiais George Katrougalos, Ben Saul e Morris Tidball-Binz, num comunicado conjunto divulgado em Genebra, Suíça.
Na nota conjunta, os especialistas sublinharam que o uso de força letal em águas internacionais “sem base legal” contraria o direito internacional marítimo e “pode equivaler a execuções extrajudiciais”.
Os peritos acrescentaram que os preparativos para “ações militares secretas ou diretas” contra outro Estado soberano representam “uma violação ainda mais grave” da Carta das Nações Unidas.
Perante tal situação, os relatores apelaram a Washington para que cesse “os ataques e ameaças ilegais” e que reafirme o seu compromisso com o direito internacional e com o multilateralismo.
“A longa história de intervenção externa na América Latina não deve repetir-se”, defenderam os especialistas da ONU.
Os relatores especiais são especialistas independentes mandatados pela ONU. Redigem relatórios, mas não falam em nome da organização multilateral.
As operações norte-americanas na região da América Latina, integradas no destacamento militar das Caraíbas, foram iniciadas em setembro e têm visado embarcações alegadamente envolvidas no narcotráfico.
Caracas denunciou as ações como “atos de agressão”, acusando os EUA de procurarem justificar “novas formas de ingerência” no país.
Washington acusa o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de liderar uma rede de narcotráfico e recentemente aumentou para 50 milhões de dólares a recompensa pela sua captura.
Maduro negou qualquer ligação com o tráfico de droga.