Açoriano Oriental
Museu do Tabaco da Maia preserva memória de fábrica familiar nos Açores
O Museu do Tabaco da Maia, nos Açores, anunciado como único no país, preserva a memória de uma fábrica familiar, que chegou a ser a maior empregadora da freguesia, foi hoje anunciado.
Museu do Tabaco da Maia preserva memória de fábrica familiar nos Açores

Autor: AO/Lusa

 

"[O visitante] encontra aqui vários anos de vida de uma freguesia, dado que [a fábrica de tabaco] foi o maior espaço de trabalho da Maia", afirmou à agência Lusa o provedor da Santa Casa da Misericórdia local, Laudalino Rodrigues, acrescentando que "a atividade era bastante rentável e o museu consegue recuperar estas memórias".

A fábrica, no concelho da Ribeira Grande, ilha de São Miguel, foi adquirida em 2004 pela Misericórdia da Maia. Cinco anos volvidos, reabriu recuperada e como espaço museológico.

"Quando recebemos esta fábrica em 2004, ela estava quase irrecuperável. Desde então temos feito um trabalho de recuperação das estruturas, telhados, pinturas, máquinas e, o mais difícil, a história", referiu Laudalino Rodrigues, explicando que falta, ainda, recuperar a sala produção e a tipografia, um investimento de 300 mil euros.

A visita a este museu inclui a passagem pelos antigos secadores de tabaco e cantina, dispondo ainda de auditório, biblioteca e diversas salas de trabalho, sendo que estas últimas ocupam os gabinetes da fábrica, cujo primeiro proprietário foi Manuel Bento de Sousa.

Entre os objetos expostos existem máquinas de empacotamento, folhas de tabaco e carroças, e pequenos filmes retratam a atividade laboral na fábrica.

"Em 1871 a fábrica começa a laborar de uma forma muito arcaica, já que funciona num único edifício. À medida que vai evoluindo são construídos o resto dos edifícios", destacou a antropóloga do museu, Susana Tiago, informando que a fábrica deixou de laborar em 1988.

Segundo a técnica, a fábrica foi comprada por duas indústrias de tabaco ainda em laboração em Ponta Delgada, a Estrela e a Micaelense, mas a estrutura da Maia acabou por nunca ser reativada.

Com uma produção de dez marcas diferentes, entre elas Benfica, Colonal, Moderno ou Aviador, a fábrica da Maia começou, contudo, pelo fabrico da marca São Luís, tabaco que era enrolado como se de um rebuçado se tratasse.

Susana Tiago explicou que, inicialmente, todo o trabalho de produção dos cigarros era feito manualmente por mulheres solteiras, uma política da empresa, pois quando estas funcionárias casavam "tinham de deixar a fábrica para se dedicarem aos maridos e aos filhos".

Reconhecendo que o museu foge ao serviço tradicional de uma Santa Casa da Misericórdia, o provedor sustentou que, além da área social, a instituição quer "valorizar e desenvolver a área cultura" nesta freguesia.

Laudalino Rodrigues adiantou que no ano passado cerca de 2.600 pessoas visitaram este "museu em contínua construção", sendo a maioria alunos de escolas locais e turistas, mais 200 visitantes do que em 2015.

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