Açoriano Oriental
Mais de três mil alunos do 1.º ciclo sem professor

Mais de três mil alunos do 1.º ciclo estão neste momento sem professor, segundo uma estimativa da Fenprof,  que aponta Lisboa, Setúbal e Faro como as regiões onde as escolas têm mais dificuldades em contratar

Mais de três mil alunos do 1.º ciclo sem professor

Autor: Lusa/AO Online

A pouco mais de um mês das férias do Natal, a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) olhou para os pedidos de professores de todas as escolas e concluiu que há neste momento “480 horários” por preencher, dos quais 142 são para o 1.º ciclo.

Há “133 turmas do 1.º ciclo” sem professor titular, segundo contas da Fenprof que estima que haja “3.325 alunos afetados”, disse à Lusa o secretário-geral da federação José Feliciano Costa.

A Fenprof aponta a região de Lisboa como a mais problemática, com 76 horários vazios. Seguem-se escolas em Setúbal, com 29 horários por preencher, e Faro com 19.

Nas escolas primárias de Beja, faltam professores para preencher seis horários e em Leiria há outros cinco horários vazios.

Olhando apenas para a zona de Lisboa, destacam-se os agrupamentos Almeida Garrett, na Amadora, onde a direção escolar continua à procura de professores para oito horários, e na Vergílio Ferreira, em Lisboa, com seis horários disponíveis nas plataformas.

 A dificuldade em contratar docentes sente-se diariamente nas escolas. A direção escolar do Agrupamento de Escolas Vergílio Ferreira contou à Lusa que abre vagas assim que falha um professor mas depois são muito poucos os que concorrem aos lugares.

Na Escola Básica Luz-Carnide, que pertence ao agrupamento, os meninos do 1.º ano ficaram sem professora titular pouco depois de terem começado as aulas. A docente, que na primeira reunião com os pais anunciou que “não iria ficar com a turma”, meteu baixa passadas duas semanas, segundo relatos de encarregados de educação.

A direção escolar tentou, sem sucesso, contratar um novo professor. A escola abriu a vaga, mas até hoje “não tem havido candidatos ou estes não detêm a habilitação necessária. O referido horário continua a concurso, até que exista docente que substitua a professora titular de turma”, explicou à Lusa a subdiretora do Agrupamento de Escolas Virgílio Ferreira.

A solução encontrada foi recorrer à coordenadora de estabelecimento, mas no final do mês passado, também esta docente entrou de baixa médica. Os alunos são agora “distribuídos pelas diferentes turmas da escola”, acrescentou a subdiretora do agrupamento Ana Rita Duarte.

A Fenprof tem alertado para o problema de encontrar professores para o 1.º ciclo, porque ao contrário do que acontece nos outros níveis de ensino, aqui só podem ocupar estes lugares docentes profissionalizados.

Nos outros níveis de ensino, as escolas estão a aceitar licenciados com formação na área para a qual se disponibilizam para dar aulas, ou seja, não são professores profissionalizados.

Este é o reflexo da pouca atratividade da carreira e envelhecimento da classe docente, que levou a que o número de saídas por aposentação fosse muito superior às entradas de jovens professores.

Há cerca de duas semanas, o ministro da Educação disse no parlamento haver quase 500 agrupamentos de escolas com falta de professores para alunos de todos os níveis de ensino.

Fernando Alexandre escolheu o problema da carência de professores para iniciar a sua apresentação da proposta de Orçamento do Estado para 2026, que prevê “gastar mais 118 milhões de euros” com medidas de combate aos alunos sem aulas.

Para atrair docentes, o ministro recordou medidas em curso, como o apoio à deslocação para quem fica longe de casa, um novo concurso externo extraordinário para as escolas com mais dificuldades em contratar ou a possibilidade de os docentes prolongarem a carreira para além da idade de aposentação.

 Tanto para o ministério como para os sindicatos, a solução deverá passar também por uma revisão do Estatuto da Carreira Docente e por condições mais atrativas, como uma progressão mais rápida e ordenados mais elevados.  

PUB
Regional Ver Mais
Cultura & Social Ver Mais
Açormédia, S.A. | Todos os direitos reservados

Este site utiliza cookies: ao navegar no site está a consentir a sua utilização.
Consulte os termos e condições de utilização e a política de privacidade do site do Açoriano Oriental.